Bexiga hiperativa:
causas, sintomas e tratamentos
A bexiga hiperativa é uma condição urológica que afeta muitas crianças e adultos, caracterizada por sintomas como urgência para urinar, aumento da frequência urinária e, em alguns casos, incontinência.
Embora seja comum, a condição pode impactar significativamente a qualidade de vida, especialmente em crianças, onde pode afetar o desenvolvimento social, emocional e comportamental. Compreender as causas, sintomas e tratamentos disponíveis é essencial para um diagnóstico precoce e um cuidado adequado.
O que é a bexiga hiperativa?
A bexiga hiperativa em crianças é definida como a presença de urgência para urinar, geralmente acompanhada por aumento da frequência das micções ou noctúria (acordar à noite para urinar), com ou sem incontinência urinária associada, na ausência de infecção ou outra patologia óbvia.
Essa condição, que não está associada a alterações neurológicas ou anatômicas do trato urinário inferior, pode ser causada por imaturidade do controle neural da bexiga. Em crianças pequenas, especialmente entre 5 e 7 anos de idade, a prevalência pode atingir até 35%, sendo mais comum em meninos. Além disso, há uma forte relação com alterações comportamentais, como ansiedade, sintomas de depressão e transtornos como TDAH.

Causas da bexiga hiperativa
A origem exata da bexiga hiperativa ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que ela seja multifatorial. Uma das hipóteses sugere que a urgência e os sintomas relacionados estão ligados à imaturidade dos centros corticais responsáveis pelo controle da micção. Durante os primeiros anos de vida, o controle miccional é principalmente regulado pelo tronco cerebral. Com o desenvolvimento, o córtex pré-frontal assume o controle, permitindo a micção voluntária.

Outro fator importante é a interação entre o trato urinário inferior e o intestino. Estudos mostram que crianças com bexiga hiperativa apresentam taxas mais altas de constipação, sugerindo uma relação bidirecional. Massa fecal endurecida pode comprimir a bexiga, alterando sua função, enquanto contrações do esfíncter anal e uretral podem afetar o trânsito intestinal.
Sintomas da bexiga hiperativa
Os sintomas podem variar em intensidade e frequência, mas os sinais mais comuns incluem:
- Urgência urinária: Necessidade súbita e intensa de urinar.
- Aumento da frequência urinária: Muitas idas ao banheiro, mesmo para eliminar pequenas quantidades de urina.
- Incontinência urinária: Perda involuntária de urina, especialmente durante brincadeiras ou na escola.
- Noctúria: Acordar à noite para urinar, afetando o descanso da criança.
Esses sintomas podem atrapalhar o dia a dia e as interações sociais da criança, tornando essencial buscar ajuda médica ao percebê-los.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de bexiga hiperativa envolve uma análise abrangente do histórico médico e comportamental da criança, considerando fatores como infecções urinárias, hábitos miccionais, constipação e desenvolvimento psicossocial.
Exames recomendados incluem:
- Diário miccional: Registra a frequência e volume urinário para identificar padrões e sintomas.
- Ultrassonografia do trato urinário: Avalia a estrutura e a funcionalidade, medindo o resíduo pós-miccional e a espessura da parede vesical.
- Fluxometria: Mede o fluxo urinário, com curvas específicas indicando urgência urinária.
- Estudo urodinâmico: Reservado para casos refratários, avalia a função vesical e esfincteriana com mais detalhes.
Esses exames ajudam a diferenciar a bexiga hiperativa de outras condições e a determinar o tratamento mais adequado.
Tratamento para a bexiga hiperativa
O tratamento da bexiga hiperativa é multidisciplinar e adaptado às necessidades individuais da criança. As opções incluem:
- Uroterapia padrão: Primeira linha de abordagem, envolve mudanças nos hábitos urinários e alimentares, com foco em evacuação regular e hidratação adequada. A orientação inclui evitar alimentos irritantes como cafeína e cítricos.
- Medicamentos: Quando a uroterapia isolada não é suficiente, anticolinérgicos como oxibutinina e tolterodina são usados para relaxar o músculo da bexiga. Mirabegron, um agonista β3, também tem mostrado eficácia com menos efeitos colaterais.
- Neuromodulação e fisioterapia pélvica: Técnicas como estimulação elétrica transcutânea sacral (TENS) e estimulação do nervo tibial posterior (PTNS) são indicadas em casos refratários. Estudos mostram que TENS/PTNS pode ser tão eficaz quanto medicamentos, com benefícios adicionais para a constipação.
- Toxina botulínica: Indicada em casos graves ou refratários, reduz a hiperatividade da bexiga com efeitos que duram cerca de seis meses. É considerada segura, mas exige acompanhamento rigoroso.
- Implantes de neuromodulação sacral: Procedimento invasivo para pacientes que não respondem a outras terapias, oferecendo alta taxa de sucesso na redução dos sintomas.
Importância do apoio familiar
O suporte emocional da família é tão importante quanto o tratamento clínico. Crianças com bexiga hiperativa podem se sentir envergonhadas ou frustradas. Pais e cuidadores podem ajudar criando um ambiente de acolhimento, incentivando o cumprimento do tratamento e oferecendo compreensão em momentos de dificuldade.
Quando procurar ajuda médica?
A identificação precoce e o manejo da bexiga hiperativa são cruciais para prevenir complicações, como infecções urinárias recorrentes e danos psicológicos associados à incontinência. Crianças com acompanhamento adequado apresentam melhora significativa na qualidade de vida, no desempenho escolar e na autoestima.

Se você perceber sinais como urgência urinária frequente, incontinência ou episódios noturnos em seu filho, não hesite em buscar ajuda especializada. A Dra. Marilyse Fernandes é referência em uropediatria e está comprometida em oferecer um cuidado humanizado e eficaz, sempre priorizando as necessidades específicas de cada criança.
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Referências:
¹: Padronização da terminologia da função do trato urinário -ICCS
²: Bexiga hiperativa -Franco I, 2017
³: Bexiga hiperativa em crianças Canadian Urological Journal
⁴: Manejo de disfunção miccional em crianças sem alterações neurológicas- Fuentes, 2019