Testículo não descido:
o que é, causas e tratamentos
Você sabia que um detalhe no nascimento pode impactar diretamente a saúde futura de uma criança? O testículo não descido, ou criptorquidia, ocorre quando um ou ambos os testículos do bebê não chegam ao escroto antes do nascimento. Essa condição é mais comum em recém-nascidos prematuros e, se não tratada¹, pode comprometer a fertilidade e a saúde geral da criança.

O que é o testículo não descido?
Durante o desenvolvimento fetal, os testículos do bebê do sexo masculino se formam no abdome e, normalmente, descem pelo canal inguinal para o escroto entre o sétimo e o nono mês de gestação. Essa descida é essencial para garantir a posição adequada dos testículos e seu funcionamento no futuro.
Em alguns casos, essa migração não se completa até o nascimento. Na maioria das vezes, o problema se corrige espontaneamente nos primeiros três meses de vida, com o testículo finalizando sua descida² para o escroto.
No entanto, em outros casos, o testículo permanece no abdome ou no canal inguinal, em uma posição inadequada. Essa condição, conhecida como testículo não descido, exige acompanhamento médico especializado para avaliar possíveis intervenções e garantir o desenvolvimento saudável da criança.
Compreender como e por que o testículo não descido ocorre é o próximo passo para identificar as melhores opções de cuidado.
Principais causas do testículo não descido
A descida testicular é um processo complexo, envolve duas fases, depende da ação de vários hormônios sobre diferentes estruturas e de pressão abdominal adequada. A causa exata para a criptorquidia ainda não é totalmente compreendida, mas existem fatores conhecidos que aumentam o risco, como:
- Nascimento prematuro: bebês prematuros têm maior probabilidade de apresentar testículos não descidos, já que a descida ocorre nas últimas semanas de gestação.
- Baixo peso ao nascer: crianças com baixo peso também possuem maior risco para essa condição.
- Histórico familiar: casos de testículo não descido em familiares próximos aumentam o risco da condição.
- Distúrbios hormonais: alterações hormonais podem afetar o desenvolvimento adequado dos órgãos genitais.
- Síndromes e mutações genéticas: criptorquidia está associada a uma síndrome, ou seja, também existem outras características clínicas além da alteração da descida testicular, como exemplos síndrome de insensibilidade androgênica, anomalias dos cromossomos sexuais e Síndrome de Noonan.
- Malformação da parede abdominal: como acontece por exemplo na extrofia de bexiga e síndrome prune belly, devido à falta de efeito propulsivo dos músculos abdominais para induzir a descida testicular.
Esses fatores podem contribuir para que os testículos não façam o percurso completo até o escroto. O acompanhamento médico regular permite identificar possíveis causas e definir a melhor abordagem de tratamento.
Sintomas e diagnóstico do testículo não descido
O principal sinal de testículo não descido é a ausência de um ou dos dois testículos no escroto, percebida no exame físico realizado logo após o nascimento. É possível que o testículo se localize mais alto, seja na região da virilha ou esteja escondido dentro do abdome. Os sintomas em si podem não ser visíveis, mas a condição exige monitoramento regular, pois a permanência do testículo fora do escroto pode levar a complicações, como:
- Aumento do risco de torção testicular
- Possíveis problemas de fertilidade no futuro
- Maior chance de desenvolvimento de tumores testiculares
- Vulnerabilidade a traumas
O diagnóstico de testículo não descido é feito por meio do exame físico de crianças de qualquer idade. Geralmente, apenas o exame físico é necessário e suficiente para detectar o problema e encaminhar a criança para o médico especialista no assunto. Em alguns casos de exceção, durante o planejamento cirúrgico, o uropediatra pode solicitar exames adicionais, como ultrassonografias³ ou ressonâncias magnéticas, para complementar as informações.
Tratamento para o testículo não descido
Se o testículo não descer espontaneamente até os seis meses de vida, o tratamento é essencial para evitar complicações futuras. A intervenção precoce ajuda a preservar a saúde e o desenvolvimento normal testicular reduzindo riscos a longo prazo.
Na maioria dos casos, o testículo está localizado no canal inguinal. Nessa situação, o tratamento indicado é a orquidopexia convencional⁴, uma cirurgia de baixo risco com excelentes resultados. Por meio de uma incisão na região inguinal, o cirurgião posiciona e fixa o testículo no escroto.
Quando o testículo está no abdome, o tratamento exige um procedimento mais complexo, geralmente realizado por videolaparoscopia⁶. Em alguns casos, são necessários dois momentos cirúrgicos para corrigir a condição. Nessa situação, o risco de atrofia testicular ou de o testículo retornar ao canal inguinal é maior, demandando acompanhamento especializado.
O ideal é realizar a cirurgia entre os seis meses e um ano. Além de posicionar o testículo no escroto, o procedimento oferece benefícios importantes:
- Preservação da fertilidade⁶ e redução do risco de câncer testicular
- Diminuição de complicações como torção testicular e traumas na região
- Diminuição de complicações como torção testicular e traumas na região
Em casos raros, pode-se considerar a terapia hormonal, mas sua aplicação é limitada e depende de critérios específicos.
Mesmo com o tratamento adequado, é importante entender os riscos associados ao testículo não descido, especialmente quando não tratado a tempo.

para descer o testiculo até o escroto.

Possíveis complicações da criptorquidia
A ausência de tratamento para testículo não descido pode trazer consequências graves ao longo da vida. Entre as principais complicações estão:
- Infertilidade: a temperatura corporal mais alta no abdome prejudica o desenvolvimento das células produtoras de esperma, comprometendo a fertilidade.
- Câncer Testicular: homens com histórico de criptorquidia têm maior risco de desenvolver câncer testicular, especialmente se a cirurgia não for realizada antes dos 18 meses.
- Trauma e Torção Testicular: um testículo localizado no abdome ou na virilha está mais vulnerável a traumas e torções, que pode comprometer o fluxo sanguíneo e causar dor intensa.
Reconhecer esses riscos reforça a importância de um diagnóstico precoce e de um acompanhamento médico adequado para proteger a saúde da criança a longo prazo.
Se você tem dúvidas sobre o testículo não descido ou precisa de orientações sobre o tratamento, busque ajuda especializada. Um cuidado bem-planejado faz toda a diferença para o futuro do seu filho.
O papel da família no acompanhamento médico
A família da criança deve entender a importância do tratamento na idade correta e que os riscos operatórios são muito pequenos. O apoio dos pais e responsáveis é fundamental para o acompanhamento médico necessário para a criança com testículo não descido. Com o suporte de uma equipe médica qualificada, é possível avaliar o desenvolvimento e tomar as decisões mais adequadas em relação ao tratamento.
Importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado
O diagnóstico precoce e o tratamento oportuno são fundamentais para evitar complicações futuras relacionadas ao testículo não descido. A idade ideal para a correção cirúrgica é entre seis e doze meses. Nesse período, as funções testiculares ainda podem ser preservadas, e o corpo da criança, em constante desenvolvimento, oferece melhores condições para o sucesso da intervenção.
Essa abordagem não apenas ajuda a preservar a fertilidade a longo prazo, mas também reduz os riscos de complicações graves, como o desenvolvimento de câncer testicular, associado à criptorquidia. Cada dia conta quando se trata de garantir um futuro saudável para a criança, e é por isso que o acompanhamento especializado é tão importante.
Embora o diagnóstico seja crucial, o cuidado contínuo também desempenha um papel essencial na saúde das crianças.
Fatores de prevenção e cuidados gerais
Embora muitas causas do testículo não descido sejam genéticas ou hormonais e estejam fora do controle dos pais, manter consultas regulares com o pediatra é essencial para uma detecção precoce. Exames físicos de rotina ajudam a identificar sinais da condição logo nos primeiros meses de vida.
Para famílias com histórico de criptorquidia, a atenção redobrada é fundamental. Observar o desenvolvimento do bebê logo após o nascimento e discutir qualquer dúvida com o médico são passos importantes para garantir o bem-estar da criança.
Quando os pais têm acesso a orientação clara e especializada, é mais fácil tomar decisões informadas e seguras sobre o cuidado da saúde dos filhos.
Entre em contato com a Dra. Marilyse Fernandes
Como especialista em urologia pediátrica, meu compromisso é oferecer cuidado humanizado e soluções eficazes para crianças com testículo não descido. Entendo as preocupações que os pais enfrentam e busco proporcionar um atendimento acolhedor e claro em cada etapa do processo.
Com minha experiência e dedicação, eu e minha equipe trabalhamos para garantir o desenvolvimento saudável e o bem-estar das crianças e adolescentes. Um diagnóstico precoce e um tratamento adequado são fundamentais para construir um futuro saudável, e estou aqui para ajudar você a oferecer o melhor para o seu filho.
Referências:
¹: Criptorquidia SBP Endocrinologia
2: Embriologia desenvolvimento testicular
3: Uso ultrassom manejo testículo não descido
4: Testiculo não descido – CHP.edu