Testículo Retrátil

Testículo Retrátil - Dra. Marilyse Fernandes

Testículo retrátil: entenda o que é e como tratar

O testículo retrátil é uma condição comum em meninos, principalmente durante a infância. Caracteriza-se por um testículo que se movimenta entre a bolsa escrotal e a região inguinal, subindo e descendo de forma involuntária. Em geral, não causa dores nem desconforto, mas, quando não tratado adequadamente, pode levar a complicações a longo prazo como problemas de fertilidade ou aumento do risco de câncer testicular.

Identificar e entender o comportamento dos testículos é fundamental para o desenvolvimento saudável do menino, e a condição do testículo retrátil deve ser acompanhada por um especialista. A seguir, entenda por que o testículo se movimenta dessa forma, como o diagnóstico é feito e quais são as opções de tratamento.

O que é o testículo retrátil?

O testículo retrátil é uma condição em que o testículo consegue descer naturalmente até o escroto, mas também pode voltar para a região da virilha. Isso ocorre por conta da contração de um músculo chamado cremaster, que reage a estímulos como o frio, sustos ou até mesmo atividades físicas, fazendo o testículo subir.

Em situações normais, os testículos ficam na bolsa escrotal, pois é a região que oferece a temperatura ideal para a produção saudável de espermatozóides. No entanto, em meninos com testículo retrátil, o movimento constante do testículo entre a virilha e o escroto pode fazer com que ele permaneça mais tempo fora da posição natural, o que exige acompanhamento médico.

Observa-se que a presença do testículo retrátil é associada a maior frequência de alterações histológicas no testículo, malformação congênita do epidídimo¹, persistência de uma estrutura embrionária responsável pelo formação da hérnia inguinal durante a infância e anormalidades do exame espermograma na vida adulta.

Como identificar o testículo retrátil?

Os pais podem observar essa condição em casa. Quando a criança está relaxada ou em um ambiente aquecido, é mais comum que o testículo desça para o escroto. Porém, em situações de frio ou estresse, pode subir novamente para a região inguinal. É importante observar se o testículo desce sozinho e se consegue ser posicionado manualmente para a bolsa escrotal, características típicas do testículo retrátil.

Caso o testículo permaneça fora do escroto e não possa ser reposicionado, é possível que se trate de outra condição chamada testículo não descido ou testículo re-ascendido², que requer uma abordagem diferente e tratamento mais específico.

Testículo Retrátil
Posição normal e do testículo retrátil.

Diferença entre testículo retrátil e testículo não descido

A principal diferença entre o testículo retrátil³ e o testículo não descido é que, no caso do retrátil, o testículo se movimenta, mas desce para o escroto em determinadas situações, enquanto o testículo não descido (ou testículo criptorquídico) permanece na região abdominal ou na virilha, sem alcançar o escroto de forma espontânea.

O testículo não descido  precisa de intervenção médica precoce, uma vez que, se não for tratado, pode trazer complicações sérias ao desenvolvimento reprodutivo do menino. Já o testículo retrátil, embora menos grave, também necessita de avaliação médica regular para garantir que se posicione corretamente no escroto durante a fase de crescimento.

Por que o testículo se torna retrátil?

O testículo retrátil é influenciado principalmente pelo reflexo cremastérico, que ocorre em resposta a estímulos externos. Esse reflexo é natural e importante para a proteção dos testículos, pois evita que sofram lesões em situações de risco.

O músculo cremaster age automaticamente em momentos de estresse, como frio intenso ou impacto, puxando o testículo para cima. Em meninos com testículo retrátil, esse reflexo é mais pronunciado, fazendo com que o testículo suba e desça de maneira frequente. Ao longo do tempo, muitos casos se resolvem espontaneamente, mas o acompanhamento médico é fundamental para garantir que o testículo permaneça na posição correta quando o menino alcançar a puberdade.

Diagnóstico do testículo retrátil

Para diagnosticar o testículo retrátil, é avaliada a mobilidade, posição e permanência do testículo sem tração no escroto. Exames físicos são realizados com a criança em diferentes posições e temperaturas, simulando situações em que o reflexo cremastérico se ativa. Dessa forma, o médico pode verificar o comportamento do testículo e descartar outras condições, como o testículo não descido ou re-ascendido.

Em alguns casos, exames de imagem, como ultrassonografia, podem ser solicitados para uma análise mais detalhada do volume testicular e de anormalidades associadas, especialmente  se houver dúvidas quanto ao diagnóstico.

Tratamentos para o testículo retrátil

Geralmente, o testículo retrátil se resolve naturalmente com o tempo, sem necessidade de intervenção cirúrgica. Durante o crescimento, a tendência é que o testículo permaneça no escroto conforme o reflexo cremastérico diminui.

Recomenda-se durante a infância4, a observação da evolução da posição testicular em casos de testículo retrátil , porque mais de 70% dos meninos com esta condição apresentam resolução espontânea sem necessidade de cirurgia. 

Entretanto, se o testículo não se fixar permanentemente na bolsa escrotal até a puberdade ou evoluir com sinais de atrofia ou dor, a cirurgia pode ser indicada. Em cerca de 30% dos casos será necessário cirurgia para fixação testicular no escroto.
A intervenção cirúrgica, chamada orquidopexia, fixa o testículo no escroto para impedir que ele suba novamente. Esse procedimento é simples e, na maioria das vezes, realizado de forma minimamente invasiva, com alta recuperação e baixos riscos para o paciente.

Além disso, a cirurgia é altamente eficaz para prevenir complicações futuras, como alterações na fertilidade e problemas relacionados ao desenvolvimento testicular. O médico avalia cada caso individualmente para indicar o melhor momento para o procedimento, considerando a idade e o desenvolvimento do paciente.

Possíveis complicações do testículo retrátil 

Embora o testículo retrátil muitas vezes seja uma condição benigna e se resolva naturalmente, em alguns casos ele pode trazer riscos para a saúde do paciente se não for tratado. Dentre as possíveis complicações, destacam-se:

  1. Infertilidade: se o testículo permanece fora da bolsa escrotal por longos períodos, pode haver impacto negativo na produção de espermatozoides, uma vez que a temperatura do corpo é mais alta que a do escroto.
  2. Maior risco de câncer testicular: estudos apontam que o testículo retrátil não tratado pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer testicular na idade adulta.
  3. Hérnia inguinal: em alguns casos, o testículo que se movimenta constantemente pode enfraquecer a parede abdominal, levando à formação de hérnias.
  4. Dor e torção testicular: decorre da mobilidade testicular dentro do canal inguinal. 

Acompanhamento e a importância de consultas regulares

O acompanhamento médico é essencial para garantir a saúde e o desenvolvimento adequado do sistema reprodutor dos meninos com testículo retrátil. Consultas periódicas permitem ao especialista monitorar a posição e o desenvolvimento do testiculo, recomendando intervenções caso necessário.

Durante as consultas, procura-se examinar o reflexo cremastérico e verificar se o testículo está se permanecendo no escroto ao longo do tempo do atendimento. A frequência das consultas depende do caso específico, mas, em geral, são recomendadas revisões anuais durante a infância e a adolescência para monitorar a evolução clínica  adequada.

Quando buscar ajuda médica?

Se você percebe que o testículo da criança se move frequentemente entre o escroto e a virilha ou não permanece na posição correta, é essencial procurar ajuda médica. Quanto mais cedo avaliarmos, maiores as chances de evitar complicações no futuro.

Caso o testículo não se estabilize no escroto até o início da puberdade, há opções cirúrgicas que podem garantir um desenvolvimento saudável. Essa é uma decisão que tomaremos juntos, com toda a segurança e carinho que sua família merece.

Sou a Dra. Marilyse Fernandes, atuo em urologia pediátrica, com mais de 20 anos de experiência cuidando de crianças como o seu filho. Meu objetivo é oferecer um atendimento acolhedor e humano, combinado com a segurança de um tratamento baseado em evidências.

Estarei ao seu lado em cada etapa desse processo, garantindo que seu pequeno receba o melhor cuidado possível. Se precisar de orientação sobre testículo retrátil ou qualquer outra questão urológica, saiba que pode contar comigo. Juntos, transformamos desafios em jornadas de saúde e tranquilidade.

Referências:

¹: Anormalidades associadas a testículo retrátil 

²: Incidência de testiculo ascendido em meninos com testículo retrátil 

³: Testículo retrátil vídeo explicativo Colorado Hospital

4: Testículo retrátil podcast Colorado Hospital

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