Torção testicular: o que é e por que a rapidez no atendimento é essencial?
A torção testicular acontece quando o testículo gira em torno do próprio eixo, torcendo o cordão espermático e interrompendo a circulação sanguínea. Isso provoca isquemia, ou seja, a falta de oxigenação no tecido testicular, o que pode levar à perda do testículo em poucas horas.
Esse é um quadro urgente, que precisa ser tratado o mais rápido possível para aumentar as chances de preservar o testículo. A torção testicular pode acontecer em qualquer idade, mas é mais comum em recém-nascidos e adolescentes.

Sinais de alerta: Como identificar a torção testicular?
Os principais sintomas incluem:
- Dor intensa e súbita no testículo ou na região abdominal
- Inchaço e vermelhidão na bolsa escrotal
- Náusea e vômito
- Histórico de dor testicular passageira em momentos anteriores
Em recém-nascidos, pode ser mais difícil identificar a torção, pois nem sempre há dor aparente. No entanto, um escroto endurecido, inchado, com coloração anormal (arroxeada ou avermelhada) pode ser um sinal de alerta.
Se notar qualquer um desses sinais, busque atendimento médico imediatamente.
Torção testicular em bebês: como ocorre?
A torção testicular no primeiro mês de vida é chamada de torção testicular neonatal (TTN) ou torção perinatal, quando ocorre antes ou logo após o nascimento. Esse tipo de torção é mais raro, mas pode acontecer em até 6,1 a cada 100.000 nascimentos vivos¹
A TTN geralmente é do tipo extravaginal, ou seja, acontece fora da túnica vaginal (a membrana que envolve o testículo), afetando toda a estrutura testicular. Isso ocorre porque o testículo do bebê ainda não está completamente fixado dentro do escroto, facilitando sua rotação.
Se a torção acontecer ainda dentro do útero, o testículo muitas vezes já está comprometido ao nascimento e não pode ser salvo. No entanto, se o quadro for identificado nas primeiras semanas de vida, uma cirurgia de emergência pode evitar a perda do testículo.
Fatores que podem aumentar o risco de torção neonatal incluem:
- Bebês grandes para a idade gestacional
- Parto prolongado ou difícil
- Apresentação pélvica (bebê sentado no útero)
Como é feito o diagnóstico?
A avaliação clínica feita por um especialista costuma ser suficiente para diagnosticar a torção testicular. O ultrassom com doppler pode ser solicitado para excluir outras condições, mas se houver forte suspeita de torção, a cirurgia não deve ser adiada para esperar exames. O tempo de resposta faz toda a diferença no prognóstico.
Tratamento: O que esperar da cirurgia?
A torção testicular é uma emergência cirúrgica. O tratamento é feito por meio de exploração cirúrgica imediata, que pode resultar em duas abordagens:
- Se o testículo ainda for viável: o médico irá destorcer o cordão espermático e fixar o testículo no escroto para evitar novas torções (orquiopexia).
- Se o testículo não puder ser salvo: ele será removido (orquiectomia) para evitar complicações futuras.
Além disso, para proteger o testículo saudável do outro lado, é comum que os médicos também realizem a fixação preventiva do testículo contralateral. Isso é especialmente importante porque, em alguns casos, a torção pode acontecer posteriormente no outro testículo (torção assíncrona).
Em bebês, a cirurgia pode ser realizada por via inguinal ou escrotal, dependendo do caso. Apesar de a taxa de recuperação do testículo torcido ser menor em recém-nascidos, a cirurgia ainda é recomendada para evitar a perda de ambos os testículos, o que levaria a infertilidade e deficiência hormonal no futuro.
Por que agir rápido é essencial?
O tempo entre o início dos sintomas e a cirurgia determina se o testículo pode ser salvo. Quanto maior a torção e mais tempo ela durar, menor a chance de recuperação. Estudos indicam que, em bebês, a taxa de salvamento do testículo é de apenas 6% ² quando a cirurgia é feita tardiamente, mas pode chegar a 22% se realizada com urgência.
Nos adolescentes, se a torção for revertida em até 6 horas, as chances de preservar o testículo são maiores que 90%. Mas, após 12 a 24 horas, esse número cai drasticamente.
Por isso, se houver qualquer suspeita de torção testicular³, não espere para ver se a dor melhora. Vá direto ao pronto-socorro!
O que fazer se houver perda do testículo?
Se for necessária a remoção do testículo, a criança pode levar uma vida normal, pois o testículo remanescente é suficiente para manter a produção hormonal e a fertilidade. Quando a criança cresce, há também a opção de implante de uma prótese testicular para fins estéticos.
O acompanhamento médico será essencial para monitorar o desenvolvimento hormonal e garantir que o outro testículo continue saudável.
Conclusão:
Conhecimento e ação fazem a diferença!
A torção testicular pode assustar, mas com atendimento rápido e especializado, há solução. Seja em recém-nascidos ou adolescentes, a principal mensagem é: não ignore os sinais!
A saúde do seu filho está em boas mãos quando há informação e ação rápida. Se houver qualquer suspeita, procure um especialista imediatamente.
Dra. Marilyse Fernandes – Meu tempo a seu favor.
Referências:
¹: Surgically managed perinatal testicular torsion