Como é feita a cirurgia de pieloplastia no bebê? - Dra. Marilyse Fernandes

Como é feita a cirurgia de pieloplastia no bebê?

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Por: CRM 92676 | RQE 21334

A pieloplastia é o procedimento cirúrgico mais recomendado para tratarmos um problema chamado de estenose da junção ureteropiélica (Estenose da JUP),que envolve o estreitamento da conexão entre o ureter (estrutura tubular que transporta a urina do rim para a bexiga) e a pelve renal (local do rim que coleta toda a urina produzida pelos glomérulos renais). Essa condição pode causar dificuldade para livre passagem da urina, levando a dilatação do sistema coletor, cólica abdominal, infecção urinária e comprometimento da função do rim obstruído.

A estenose da JUP pode acontecer por alguns motivos, dentre eles a presença de cálculos urinários obstruindo a passagem da urina, traumas e cicatrizes na JUP, sendo todas essas causas adquiridas e de maior incidência em crianças a partir da idade escolar até a fase adulta. 

Quando é necessário realizar a pieloplastia em bebês ou crianças pequenas, a causa da estenose de JUP por sua vez, é congênita, ou seja, ocorre desde o nascimento devido a uma anomalia do desenvolvimento desta parte do sistema urinário durante sua formação, gerando hidronefrose (acúmulo de urina dentro do rim).

O momento e tipo de abordagem cirúrgica pode variar a depender das consequências associadas ou sintomas como infecção de urina recorrente. O procedimento cirúrgico pode ser realizado de forma convencional em cirurgia aberta ou ser minimamente invasivo, realizado por videolaparoscopia ou cirurgia robótica.

A correção cirúrgica acontece sob anestesia geral para que o bebê não sinta dor durante o procedimento. O cirurgião irá acessar a área estreitada da junção ureteropiélica e, em seguida, ampliá-la ou reconstruí-la para permitir o fluxo adequado de urina do rim para o ureter e, subsequentemente, para a bexiga. Isso pode envolver a remoção da porção estreitada e a reconstrução da junção ou a retirada de tecido cicatricial ou ainda, transpor o ureter obstruído por um vaso renal comprimindo a JUP, dependendo da situação.

Para auxiliar no processo de cicatrização da área submetida à correção, utilizamos a passagem de um cateter chamado duplo J. O “duplo J” é um tubo plástico flexível, com múltiplos orifícios e com as extremidades enroladas ou curvadas em forma de “J” ou de “rabo de porco”. Uma extremidade é inserida na bexiga e a outra é colocada na parte superior do rim. O principal objetivo do cateter é manter o livre fluxo de urina em seu interior, permitindo assim a regressão do inchaço da área operada, cicatrizando sem acotovelamentos, infecções e sem extravasamento da urina para os tecidos ao redor. Adicionalmente, uma sonda vesical será colocada na bexiga para auxiliar a drenagem urinária.

Após a correção da estenose e passagem do “duplo J”, as incisões são fechadas com suturas e por um tipo de adesivo cirúrgico tópico. Trata-se de um adesivo líquido à base de cianoacrilato, que seca rapidamente quando aplicado na pele e forma uma película transparente que ajuda a manter as bordas da ferida unidas. É frequentemente utilizado em procedimentos médicos, para fechar pequenas incisões cirúrgicas como as realizadas nas técnicas minimamente invasivas.

Terminada a cirurgia, a criança é monitorada na sala de recuperação até acordar completamente. Quando estiver recuperada dos efeitos anestésicos, ela permanece internada no hospital, em algumas circunstâncias em uma unidade de terapia intensiva (UTI),mas na maioria das vezes, ficará em um quarto com os pais, em torno de 1 a 2 dias, para garantir que a sua recuperação esteja indo bem. A maioria dos bebês apresenta excelente recuperação quando submetidos ao procedimento, necessitando de poucos remédios para dor e do uso de antibióticos.

Finalizada essa etapa do tratamento com sucesso, ainda será necessário manter o acompanhamento pós-operatório durante vários meses, com a realização de consultas de rotina e exames complementares para avaliar os resultados obtidos. 

Quer saber mais detalhes sobre os cuidados recomendados, acompanhe os novos artigos do blog! Sempre buscamos trazer informações para auxiliar no tratamento do seu filho ou filha! Até a próxima!!


Dra. Marilyse Fernandes
Publicado por: Dra. Marilyse Fernandes - Cirurgia Pediátrica - CRM 92676 | RQE 21334
A Dra Marilyse Fernandes (CRM 92676 / RQE 21334) é médica especialista em cirurgia pediátrica e robótica, dedicada à urologia infantil com experiência em hidronefrose congênita, malformações genitais e disfunções miccionais. Formada pela Universidade Estadual de Londrina, Doutora em Ciências da Reabilitação pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós Graduada em Cirurgia Robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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