SIM! A saúde do sistema urinário humano pode ser cuidada desde o início da vida, mais precisamente a partir da 12ª semana gestacional. A dilatação dos rins do bebê é a principal alteração identificada na fase gestacional, recebendo o nome de hidronefrose. A dilatação refere-se ao aumento do volume dos rins causado pelo acúmulo de urina na pelve renal. O urologista pediátrico, neste caso, é o profissional ideal para acompanhar o bebê, ainda durante a gestação, orientando o tratamento, tanto nesta fase quanto no decorrer da vida do pequeno/a.
De maneira mais prática, pode-se dizer que o termo hidronefrose antenatal é usado quando o diagnóstico da dilatação renal acontece ao longo da gestação, sendo detectada pelo ultrassom realizado durante o pré-natal. Ao contrário do que muitos acreditam, o tratamento pode ser necessário ainda durante a gravidez, tornando-se essencial que consultas e exames de rotina marque todo o período de gestação da nova mamãe.
A hidronefrose em bebês é mais comum do que parece
A hidronefrose antenatal ou pré-natal é considerada a mais comum dentre os problemas identificados em exames de ultrassom gestacional. Ao todo, este exame detecta em 1 a 5% das gestações alguma anormalidade do trato urinário. Entretanto, em cerca de 80% dos bebês a hidronefrose será transitória, não causará prejuízos, regredindo espontaneamente ao longo dos primeiros meses de vida do bebê.
Mesmo sabendo que este cenário ocorre na grande maioria, é fundamental a vigilância e a repetição seriada dos exames para entendermos melhor como será a evolução do problema.
Além da hidronefrose, outros achados importantes neste contexto são o volume do líquido amniótico, se está preservado ou reduzido? E se a bexiga do bebê também está dilatada e não esvazia durante o ultrassom?
Esses são alguns detalhes essenciais para planejar qual tipo de investigação será necessária, para compreendermos a real gravidade da dilatação dos rins do feto durante a gestação e depois do nascimento do bebê. Ou seja, uma vez definido o diagnóstico de hidronefrose antenatal, após o nascimento, exames de investigação fornecerão novas e mais detalhadas informações. A dilatação persiste após o nascimento? Está piorando ou diminuiu? Atinge um ou os dois rins? Há alguma perda da função renal? Apresenta obstrução urinária? Teve infecção urinária?
E o refluxo vesicoureteral?
O refluxo vesicoureteral é um ponto importante a ser lembrado, estando dentre os três principais motivos,quando falamos de hidronefrose antenatal. É um assunto muito interessante porém delongado, então faremos futuramente novos posts sobre este tema.
Por hora, para finalizar este artigo, pontuamos que o refluxo vesicoureteral – RVU, consiste no retorno da urina que já desceu até a bexiga, que volta para o ureter, podendo atingir o rim. Inicialmente, bebês com refluxo de urina são tratados com medidas clínicas e uso de antibioticoprofilaxia. Durante o acompanhamento deverá ser monitorada a evolução clinica e os exames serem repetidos periodicamente, sob a orientação indispensável do urologista pediátrico
A depender da idade da criança, do grau do RVU,da presença de infecção urinária de repetição e do aparecimento de cicatrizes renais, a correção cirúrgica do refluxo vesicoureteral pode ser indicada.
As complicações mais preocupantes são as infecções do trato urinário – ITU e as cicatrizes renais. As
cicatrizes renais podem resultar em danos permanentes à função dos rins. Uma das maneiras de tratar RVU é por meio da injeção endoscópica, dentro da bexiga, de substâncias biocompatíveis, tendo se tornado uma opção terapêutica ao uso profilaxia antibiótica de longo prazo e à cirurgia aberta.
Ademais, cirurgias mais complexas, com reimplante ureteral, podem ser necessárias em casos de refluxo de alto grau. Mas devemos salientar que crianças com RVU de baixo grau e com boa evolução clínica geralmente não precisam de tratamento cirúrgico.
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