Cuidar da saúde urinária também faz parte do crescimento saudável
A infância é um período de descobertas, desenvolvimento e aprendizado — inclusive sobre o próprio corpo.
Alterações urinárias, infecções de repetição, xixi na cama após a idade esperada ou achados no ultrassom são sinais de que pode ser necessário investigar mais a fundo. Na urologia pediátrica, os exames de imagem e de função urinária ajudam a entender o funcionamento dos rins e da bexiga, orientando o tratamento e garantindo que a criança cresça com saúde e bem-estar.
Mais do que diagnosticar doenças, eles são ferramentas de prevenção e acompanhamento, permitindo detectar alterações precocemente — quando a intervenção costuma ser simples e menos invasiva.
A seguir, conheça os 7 exames mais importantes da uropediatria, entenda como são feitos e o que cada um revela sobre a saúde urinária infantil
1. Ultrassonografia do trato urinário
A ultrassonografia (USG) é o exame inicial mais utilizado em uropediatria. Indolor, rápida e sem radiação, pode ser realizada desde o período pré-natal. Ela avalia rins, ureteres, bexiga e genitália externa, ajudando a identificar:
- Hidronefrose e dilatações urinárias
- Cálculos renais
- Malformações congênitas
- Espessamento da bexiga e presença de urina residual após a micção
É o exame mais indicado para acompanhamento de crianças com hidronefrose antenatal, infecções urinárias de repetição, cálculos urinários ou bexiga neurogênica.

2. Cintilografia renal com DMSA
A cintilografia com DMSA avalia a função individual de cada rim e identifica cicatrizes renais causadas por infecções urinárias recorrentes. É indicada para crianças com hidronefrose antenatal, refluxo vesicoureteral (RVU) e pielonefrite de repetição.
O exame é seguro e utiliza dose muito baixa de radiação, oferecendo informações precisas sobre a função e integridade do córtex renal.

3. Cintilografia renal com DTPA
Diferente do DMSA, a cintilografia DTPA analisa o fluxo urinário e a drenagem dos rins, sendo essencial para investigar obstruções como a estenose da junção pieloureteral (JUP).
O exame mostra se o rim está drenando bem e auxilia o uropediatra na decisão entre acompanhamento clínico ou tratamento cirúrgico.

4. Uretrocistografia miccional (UCGM)
A UCGM permite observar o comportamento da bexiga e da uretra durante o enchimento e o esvaziamento.
Com ela, o médico pode identificar válvula de uretra posterior, refluxo vesicoureteral, alterações estruturais da uretra e obstruções urinárias. Esse é o exame padrão ouro para diagnóstico de refluxo vesicoureteral.
O exame é feito com contraste por meio de uma sonda fina na bexiga e utiliza radiação em dose mínima. Apesar de um leve desconforto, é rápido, seguro e fornece informações valiosas.

5. Ressonância magnética do trato urinário
A ressonância magnética (RM) oferece imagens tridimensionais detalhadas sem usar radiação.
É indicada para investigar malformações complexas, como duplicidade ureteral, ectopia, obstruções, tumores, cistos ou válvula de uretra posterior diagnosticada ainda na gestação.
Além de detalhar toda a anatomia, a RM é uma ferramenta essencial no planejamento de cirurgias minimamente invasivas e robóticas, oferecendo grande precisão anatômica¹.

6. Urofluxometria
A urofluxometria mede o fluxo do jato urinário de forma simples e não invasiva.
Durante o exame, a criança urina em um equipamento especial que registra a velocidade, o volume e o tempo de micção.
É indicada para avaliar:
- Esforço ou dificuldade para urinar
- Incontinência urinária
- Esvaziamento incompleto da bexiga
- Jato urinário fraco
Frequentemente, é associada ao ultrassom pós-miccional, formando um método combinado, indolor e muito útil para analisar disfunções miccionais em crianças.
7. Estudo urodinâmico (urodinâmica)
A urodinâmica é o exame mais detalhado para compreender o comportamento da bexiga.
Ela mede pressões internas, volumes e fluxos, identificando se a bexiga contrai e esvazia corretamente, e se o esfíncter funciona de modo coordenado.
É indicada em situações como:
- Bexiga neurogênica (por mielomeningocele, trauma ou doenças neurológicas)
- Incontinência urinária persistente
- Disfunções miccionais complexas
- Avaliação antes e após cirurgias reconstrutivas
Realizada por equipe especializada, a urodinâmica fornece dados essenciais para ajustar o tratamento e prevenir lesões renais.

Como o uropediatra decide quais exames pedir?
Nem toda criança precisa de todos os exames. A escolha depende da idade, dos sintomas e da história clínica. Por exemplo:
- Um bebê com hidronefrose pré-natal pode iniciar com ultrassom e, se necessário, fazer DTPA/DMSA.
- Uma criança com infecções urinárias recorrentes pode precisar de UCGM e DMSA.
- Casos de bexiga neurogênica ou incontinência exigem urofluxometria e, em alguns casos, urodinâmica.
Cada exame representa um passo planejado em direção ao diagnóstico completo e ao melhor tratamento. Por isso é fundamental o acompanhamento com especialista e a realização de exames em locais indicados para o atendimento às crianças.
O que os pais devem saber antes dos exames?
- Segurança: os exames são adaptados à idade e ao peso da criança.
- Preparo: alguns exames exigem jejum ou bexiga cheia — siga sempre as orientações da equipe escolhida.
- Acolhimento: a tranquilidade dos pais ajuda a tornar o exame mais leve.
- Ambiente especializado: locais voltados à uropediatria utilizam equipamentos infantis e equipes experientes, o que melhora o conforto e a qualidade das imagens.
A dica mais importante na realização de qualquer desses exames é conversar com a criança a importância deles para sua saúde. A permanência dos pais durante a realização apoiando e incentivando a criança garante um ambiente mais acolhedor e tranquilo.
Nunca ameace seu filho com frases “Se você não ficar quieto, ela vai te dar uma injeção”, prefira reforçar o quanto ele/a está sendo corajoso/a e promova recompensas ao final do exame para transformar esse momento em um momento de superação e crescimento para a criança.
Independente da idade em que ela esteja, momentos como esse reforçam vínculos e alimentam a confiança entre pais e filhos.
Se algum desses exames foi indicado para o seu filho, lembre-se: a avaliação com um uropediatra é fundamental para interpretar corretamente os resultados.
Palavra da especialista
“A tecnologia é uma grande aliada na uropediatria. Cada exame é uma janela para compreender melhor o funcionamento e as necessidades do corpo da criança — sempre com respeito, cuidado e propósito. Nosso papel é usar esses recursos para proteger a função renal e garantir que cada criança cresça com saúde e conforto.”
— Dra. Marilyse Fernandes, Urologista Pediátrica
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Alterações urinárias em crianças merecem atenção especializada.
Como urologista pediátrica, utilizo a tecnologia a favor, para investigar e conduzir o tratamento de forma adequada, resolver ou controlar o problema e preservar a saúde urinária infantil.
Agende uma consulta e receba uma avaliação completa, aliando precisão, sensibilidade e cuidado em cada etapa do diagnóstico e tratamento.
Referências
¹: Press et al. Magnetic Resonance Urogram in Pediatric Urology: a Comprehensive Review of Applications and Advances. Int Braz J Urol. 2025 DOI: 10.1590/S1677-5538.IBJU.2025.0047