Hipospádia

A hipospádia é uma condição congênita que afeta o desenvolvimento do órgão genital masculino, fazendo com que a abertura da uretra, por onde sai a urina, esteja localizada em uma posição anormal. Em vez de estar na ponta do pênis, a abertura pode aparecer em sua parte inferior, em locais mais distais (perto da ponta do pênis), médios ou proximais (perto da base do pênis ou no escroto).

Esta variação ocorre durante a formação do sistema reprodutivo do bebê, enquanto ele ainda está no útero, e pode estar associada a outros problemas anatômicos, como pênis pequeno,curvado e com desenvolvimento incompleto da pele que recobre o pênis (prepúcio)

A hipospádia é detectada logo após o nascimento, ocorre em cerca de 1 a cada 200 meninos. A gravidade, pode variar entre casos leves, onde o impacto é mais estético, até casos mais complexos, que afetam tanto a função urinária quanto sexual. Felizmente, a condição pode ser corrigida por meio de cirurgia, e a maioria dos meninos tratados alcança um desenvolvimento saudável.

Principais causas da hipospádia

Embora a hipospádia seja uma condição comum, suas causas não são totalmente compreendidas. No entanto, acredita-se que seja o resultado de uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais¹.

Entre os principais fatores de risco² para o desenvolvimento da hipospádia estão:

1. Genética: a hipospádia pode ter um componente hereditário, e meninos com histórico familiar de hipospádia, especialmente do pai ou em parentes próximos, apresentam maior risco de desenvolver a condição.
2. Exposição a hormônios: durante a gravidez, a exposição a hormônios, como a progesterona e o estrogênio, em quantidades elevadas pode interferir no desenvolvimento do trato genital masculino, resultando em hipospádia. Esses hormônios podem ser introduzidos no organismo por meio de medicamentos ou outras fontes ambientais.
3. Exposição a substâncias químicas: pesticidas, fertilizantes e outras substâncias químicas ambientais podem alterar o desenvolvimento do feto, aumentando o risco de defeitos congênitos, incluindo a hipospádia.
4. Fertilização in vitro (FIV): estudos indicam que meninos concebidos por meio de fertilização in vitro podem ter um risco ligeiramente maior de desenvolver a hipospádia, embora as causas exatas dessa correlação ainda não sejam totalmente compreendidas.
5. Outros fatores: idade materna, hipertensão na gravidez, tabagismo prévio, insuficiência da placenta, baixo peso ao nascimento. Mães mais velhas, particularmente aquelas com mais de 40 anos, podem ter maior probabilidade de ter um filho com hipospádia.

Tipos de hipospádia

A hipospádia é classificada de acordo com a localização da abertura uretral e o grau de anormalidade global do pênis. Existem três tipos principais de hipospádia:

1. Hipospádia distal ou anterior: é o tipo mais frequente, em que a abertura da uretra está localizada perto da ponta do pênis. O impacto desse tipo costuma ser funcional e estético, afetando a direção do jato da urina e o aspecto habitual do pênis. Além disso, alguns meninos podem apresentar curvatura peniana em graus variados, o que afetará a função sexual na vida adulta. Geralmente essas hipospádias são corrigidas com apenas uma cirurgia. 
2. Hipospádia média: Nessa variação, a abertura da uretra encontra-se no meio do pênis e que também apresenta-se muito encurvado  Esse tipo afeta  a capacidade para urinar em pé e exige uma abordagem cirúrgica mais cuidadosa para corrigir tanto a função quanto a aparência do genital
3. Hipospádia proximal ou posterior: Esse tipo é mais raro e severo, com a abertura uretral localizada perto da base do pênis ou até mesmo no escroto. A curvatura peniana severa é mais comum aqui, e cerca de duas a três  cirurgias serão necessárias para correção dessa forma mais complexa de hipospádia.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da hipospádia³ é feito logo após o nascimento, por meio de um exame físico detalhado realizado pelo pediatra. A posição anormal da abertura da uretra, um dos principais sinais da condição, é prontamente identificada.

Ao detectar a hipospádia, o pediatra geralmente encaminha a criança para um especialista em urologia pediátrica. Este profissional avaliará a gravidade do caso e determinará a necessidade de tratamento cirúrgico.

Mas por que o tratamento é tão importante? Entenda os objetivos e benefícios da cirurgia na próxima seção.

Tratamento Cirúrgico da Hipospádia

A correção cirúrgica é a única forma eficaz de tratar a hipospádia e tem como objetivos:

1. Reconstruir a uretra: posicionando a abertura na ponta do pênis, como é esperado anatomicamente.
2. Corrigir a curvatura peniana: garantindo um pênis reto durante a ereção, essencial para a função sexual no futuro.
3. Assegurar a função urinária adequada: permitindo que o menino urine em pé de forma habitual.
4. Melhorar a estética do pênis: restaurando uma aparência típica  e saudável.

A cirurgia geralmente é realizada entre os 6 e 18 meses de idade, antes que a criança desenvolva consciência corporal, minimizando o impacto psicológico. 

A recuperação costuma ser rápida, e a maioria das crianças retornam às suas atividades normais em poucas semanas.

Embora a taxa de sucesso seja alta, é importante estar ciente das possíveis complicações.

Possíveis complicações da cirurgia

Apesar de a correção da hipospádia ser um procedimento seguro e bem-sucedido, complicações podem ocorrer, como:

1. Fístula uretral: pequeno orifício pode surgir entre a uretra reconstruída e a pele, causando vazamento de urina. Essa fístula geralmente requer uma segunda cirurgia para reparo.
2. Estenose uretral: o estreitamento do canal uretral pode dificultar a passagem da urina, sendo comum necessitar de um novo procedimento para resolver o problema.
3. Curvatura residual: em alguns casos, a curvatura do pênis pode não ser completamente corrigida, exigindo intervenções adicionais.

O acompanhamento pós-operatório cuidadoso e a escolha de um cirurgião especializado ajudam a minimizar esses riscos.

E por que escolher um especialista é tão importante?

A importância de um cirurgião especializado

A hipospádia é uma condição delicada e sua correção exige habilidade técnica e experiência. Optar por um cirurgião com expertise em urologia pediátrica aumenta significativamente as chances de um resultado funcional e estético satisfatório.

Além disso, um especialista experiente proporciona confiança e tranquilidade aos pais, conduzindo o processo de forma segura e eficiente.

Essa segurança é um dos pilares da minha abordagem como uropediatra dedicada ao tratamento de hipospádia e outras malformações genitais.

Minha abordagem como especialista

Eu sou a Dra. Marilyse Fernandes, dedicada à urologia pediátrica, com mais de 20 anos de experiência no tratamento de hipospádia e outras condições urológicas infantis.

Meu compromisso é oferecer um atendimento personalizado, garantindo o bem-estar da criança e a tranquilidade dos pais. Desde a primeira consulta, explico cada etapa do processo — do diagnóstico ao pós-operatório — de forma clara, para que as famílias se sintam informadas e seguras.

Além disso, valorizo um atendimento humanizado, estabelecendo uma relação de confiança com as famílias. Saber que posso contribuir para transformar a vida de crianças é minha maior motivação.

Se você tem dúvidas ou precisa de uma avaliação, estou à disposição para oferecer o cuidado e o suporte que seu filho merece. Juntos, podemos buscar um tratamento melhor para essa condição.

Referências:

¹: Hipospádia um defeito múltiplas causas

²: Exposure to endocrine disruptors

³: Current hypospadias management