O que acontece quando o rim do bebê dilata durante a gestação? - Dra. Marilyse Fernandes

O que acontece quando o rim do bebê dilata durante a gestação?

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Por: CRM 92676 | RQE 21334

Provavelmente você está em acompanhamento pré-natal e os exames apontaram algum grau de dilatação no rim do seu bebê. Se foi esse o motivo que te trouxe até aqui, leia o conteúdo que criamos para te informar, mas já antecipamos que não há, não mesmo, motivo para pânico. Vamos te ajudar a entender melhor essa situação!

Em linhas gerais, podemos resumir que no final do primeiro trimestre, se a urina produzida pelos rins do feto ficar retida dentro do sistema coletor (pelve renal, ureteres e bexiga),ela causará uma dilatação do trato urinário do bebê. Essa dilatação identificada durante a gestação é chamada de hidronefrose antenatal.

Como consequência desse bloqueio ao livre fluxo da urina no trato urinário, durante a gestação, pode haver uma redução significativa no volume de urina eliminada pelo bebê. Esse fato, torna-se particularmente impactante, a partir da 18ª semana de gestação, momento a partir do qual a produção de urina torna-se primordial para manutenção do volume adequado do líquido amniótico.

Durante todo o período de vida intra uterina, o bebê está envolto pelo líquido amniótico. Este bolsão protege o feto contra traumas mecânicos, auxilia no equilíbrio térmico, proporciona o desenvolvimento e amadurecimento dos pulmões, evita a compressão do cordão umbilical, além de ser essencial para o perfeito desenvolvimento do sistema musculoesquelético, permitindo a livre movimentação do bebê dentro do útero materno.

Variados distúrbios do desenvolvimento embrionário podem comprometer os órgãos que formam o aparelho urinário e assim resultar em hidronefrose antenatal.

Geralmente, a dilatação do trato urinário do feto é apenas fisiológica e transitória, e não está associada a qualquer tipo de obstrução, sendo então habitual o seu desaparecimento durante os primeiros anos de vida da criança, sem deixar sequelas.

Entretanto, em cerca de 20% dos casos, a hidronefrose ocorre por alguma malformação congênita do trato urinário. Elas podem provocar obstrução à passagem da urina ou o retorno da urina da bexiga para rim, sendo os problemas mais comuns a Estenose da JUP, Megaureter obstrutivo, Refluxo vesicoureteral e Válvula de uretra posterior.

Em duas regiões específicas do sistema urinário a obstrução é habitual: na  junção ureteropiélica (JUP),localizada entre o rim e o ureter, manifestando-se como Estenose da JUP e na junção ureterovesical (JUV),localizada entre o ureter e a bexiga, causando o quadro de Megaureter obstrutivo.

Além disso, o refluxo vesicoureteral (RVU),ocorre por anormalidades da junção ureterovesical, local responsável por impedir que a urina retorne da bexiga para o rim. Pode provocar hidronefrose se o grau, ou seja, a intensidade do refluxo for muito grande. 

Por último, mas não menos importante, a hidronefrose pode surgir por uma obstrução na uretra prostática, região localizada abaixo da bexiga, em decorrência de um problema denominado Válvula de uretra posterior (VUP).

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Dra. Marilyse Fernandes
Publicado por: Dra. Marilyse Fernandes - Cirurgia Pediátrica - CRM 92676 | RQE 21334
A Dra Marilyse Fernandes (CRM 92676 / RQE 21334) é médica especialista em cirurgia pediátrica e robótica, dedicada à urologia infantil com experiência em hidronefrose congênita, malformações genitais e disfunções miccionais. Formada pela Universidade Estadual de Londrina, Doutora em Ciências da Reabilitação pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós Graduada em Cirurgia Robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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