O ultrassom pré-natal é uma excelente ferramenta para monitorar o desenvolvimento do feto durante a gravidez e é imprescindível para avaliar a saúde do sistema urinário do bebê. O ultrassom pré-natal pode detectar várias alterações no trato urinário fetal, incluindo aquelas que comprometem o desenvolvimento estrutural desses órgãos.
As anomalias congênitas do rim e do trato urinário representam as alterações congênitas mais frequentes, sendo a principal causa para desenvolvimento de doença renal crônica durante a infância e adolescência. A prevalência é estimada em 1,6 casos para cada 1.000 bebês nascidos vivos. Através do ultrassom obstétrico podemos detectar sinais sugestivos da possível presença de alguma anomalia acometendo rins,ureteres, bexiga e uretra do feto. Geralmente manifesta-se como hidronefrose pré-natal.
O diagnóstico causal da hidronefrose pré-natal é amplo. Inclui lesões obstrutivas, classificadas por nível anatômico, desde a junção ureteropélvica (JUP) passando pela junção ureterovesical (JUV) até a própria uretra e também lesões não obstrutivas das quais o refluxo vesicoureteral (RVU) é a mais comum. Há também um grupo em que a causa é um tanto indefinida e a dilatação do trato urinário representa um fenômeno benigno e com resolução espontânea.
Dentre elas, a obstrução ou estenose da JUP é responsável por 30 a 60% dos casos de hidronefrose antenatal. A estenose da JUP é uma condição em que há um estreitamento do local onde o rim se conecta ao ureter (o tubo que transporta a urina do rim para a bexiga). Essa condição pode levar a um bloqueio parcial ou total do fluxo da urina do rim até a bexiga. Provoca dilatação do sistema coletor renal, conhecida como hidronefrose, que nada mais é que a retenção de urina no rim fetal.
A origem da obstrução da JUP ocorre devido ao estreitamento de um segmento do ureter ou por vasos aberrantes ou faixas de tecido comprimindo essa região, criando uma dificuldade para a passagem da urina. Geralmente acomete apenas um dos rins, mas em 10% dos casos pode ser bilateral. Atualmente, já foram identificados vários fatores genéticos na gênese da estenose de JUP, incluindo 15 genes atuantes no desenvolvimento dessa condição.
Como consequência pode haver comprometimento e redução da função do rim obstruído mesmo durante a gestação. O acompanhamento e tratamento dependem da gravidade da condição. Em alguns casos, a estenose pode se resolver por conta própria após o nascimento, enquanto em outros casos pode ser necessária intervenção médica para aliviar o bloqueio e permitir um fluxo normal de urina. O tratamento específico será determinado pelo uropediatra com base na avaliação do quadro clínico.
Habitualmente, quando são detectadas anomalias no sistema urinário do bebê durante um ultrassom pré-natal, desenvolvemos um plano de cuidados para o bebê após o nascimento, realizando avaliações mais aprofundadas, através de exames como a cintilografia renal e raio-x uretrocistografia. O acompanhamento médico especializado é essencial para garantir o melhor atendimento ao bebê e à mãe em casos de anomalias no sistema urinário detectadas durante a gravidez.
Quer saber mais sobre estenose de JUP e sobre outras causas de hidronefrose pré-natal acompanhe nosso blog. Toda semana publicamos um artigo novo relacionado a urologia pediátrica! Não perca!