O que saber sobre urologia pediátrica - Dra. Marilyse Fernandes

O que saber sobre urologia pediátrica

Atualizado em
Por: CRM 92676 | RQE 21334

A urologia pediátrica é uma  área da medicina, em que atuam profissionais especializados tanto em Cirurgia Pediátrica como em Urologia, acompanhando crianças, de ambos os sexos, desde a vida intrauterina. Na maioria das vezes, o encaminhamento é feito pelo pediatra, ao perceber alguma anormalidade durante a realização do exame físico ou alteração no resultado de algum exame complementar.

Após realizar a avaliação, o uropediatra, por sua vez, poderá em casos específicos, também solicitar a participação de médicos de outras especialidades, para dar seguimento ao tratamento, conforme a necessidade do caso.

Não há como negar que a urologia pediátrica tenha sua complexidade, afinal quando se trata da saúde dos nossos filhos é habitual nos sentirmos apreensivos. Porém, mesmo quando houver a necessidade de uma cirurgia, não se aflija, atualmente a medicina dispõe de recursos que proporcionam a cada dia maior eficiência e segurança.

Continue a leitura e saiba mais sobre a especialidade!

O que é urologia pediátrica?

A urologia pediátrica  aborda o tratamento de crianças e adolescentes — até os 14 anos — com problemas urológicos e genitais. Assim, o uropediatra pode cuidar de problemas nos rins, ureteres, bexiga, uretra, pênis e testículos.

Quando diagnosticadas, as doenças podem ser tratadas clinicamente e/ou por cirurgia.

 Os problemas  mais comuns, de acordo com a faixa etária, são:

  • em recém-nascido e lactente:  hidronefrose, refluxo vesicoureteral, estenose da JUP, válvula de uretra, bexiga neurogênica, infecção do trato urinário, hipospádia, testículo não descido, remanescente do úraco; 
  • na fase pré-escolar: hérnia inguinal, hidrocele, infecção do trato urinário, fimose, pênis embutido, disfunção miccional, incontinência urinária, bexiga neurogênica; 
  • na fase escolar: hidrocele, testículo ascendente, disfunção miccional, enurese, cálculo urinário, anormalidades do desenvolvimento peniano, cisto do úraco,;
  • na adolescência: pênis curvo, torção testicular, orquiepididimite e varicocele.

Quais são os profissionais envolvidos?

Geralmente, tudo começa com o pediatra, que reconhece alguma anormalidade no trato urinário ou no aparelho genital e encaminha o paciente para o uropediatra. A partir daí, profissionais de outras áreas podem participar e colaborar no tratamento.

Muitas vezes, os tratamentos são multidisciplinares, envolvendo fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e, principalmente, nefrologistas. Vale destacar que, apesar da intersecção entre a uropediatria e o nefrologista pediátrico, cada especialidade tem sua atuação:

  • o uropediatra  investiga e identifica qual é o problema genitourinário e, então, decide dentre as opções terapêuticas qual estará indicada para o caso, sendo que, em várias situações, será necessária a associação de conduta clínica e de tratamento cirúrgico com reconstrução do trato urinário e das anormalidades genitais;  
  • o nefrologista pediátrico investiga qual é a doença que acomete os rins, sendo geralmente alterações de origem  inflamatória, imunológica ou cicatriciais e que comprometem a unidade  funcional glomerular, responsável por filtrar o sangue e produzir a urina. Por meio de inúmeras medicações  e hemodiálise, consegue impedir ou estabilizar a doença, possibilitando uma melhora da função renal.

Por isso, quando há uma doença do trato urinário é comum o urologista pediátrico fazer o procedimento cirúrgico e o nefrologista pediátrico dar continuidade ao tratamento, acompanhando e orientando os cuidados à criança a longo prazo. 

Como são feitos os diagnósticos?

A anamnese (análise de sinais e sintomas e levantamento do histórico clínico) no consultório de um uropediatra varia conforme a idade da criança. Quando os pacientes são muito pequenos, as informações provêm dos pais, responsáveis ou cuidadores; se mais velhos, por eles próprios.

A realização do exame físico também é essencial na elaboração do diagnóstico. Já exames complementares laboratoriais e de imagem são solicitados, apenas, em casos que houver dúvida diagnóstica e indicação precisa, a fim de evitar a exposição do jovem paciente a riscos desnecessários como radiação ionizante.

Quais são as doenças mais comuns tratadas pela urologia pediátrica?

A lista de problemas que o uropediatra acompanha e trata é extensa. Entre eles, destacam-se:

  • Anomalias genitourinárias detectadas antes do nascimento;
  • Doenças congênitas do trato urinário, como válvula de uretra posterior (obstrução da uretra produzindo dificuldade para passagem da urina),megaureter obstrutivo (aumento do calibre ureteral secundário a obstrução da junção ureterovesical); ureterocele (dilatação da porção terminal do ureter dentro da bexiga);  refluxo vésicoureteral (retorno da urina da bexiga para o rim) e estenose de JUP (estreitamento na  junção da pelve renal com o ureter),entre outras;
  • Bexiga neurogênica (alteração do funcionamento da bexiga de origem neurológica, decorrente de situações como mielomeningocele, encefalopatia crônica, trauma ou tumor raquimedular e malformações anorretais);
  • Bexiga hiperativa (aumento do número de micções associado a pequena ou grande perda de urina na roupa);
  • Incontinência urinária (perda involuntária de urina na roupa durante o dia);
  • Infecção do trato urinário;
  • Hipospádia e epispádia (alteração na formação da uretra, cujo orifício de saída da urina não está localizado na ponta do pênis);
  • Fimose (estreitamento do prepúcio que dificulta a exposição da glande);
  • Pênis embutido, micropênis e pênis curvo congênito (alterações da anatomia e/ou tamanho peniano);
  • Alteração da descida testicular (criptorquia, testículo ascendido e testículo  retrátil (quando um ou ambos os testículos estão fora do escroto, em posição mais alta, na área intra-abdominal ou inguinal)
  • Hérnias (tanto do tipo que aparece e desaparece, bem como hérnias encarceradas);
  • Orquiepididimite (infecção do epidídimo e testículo);
  • Varicocele (varizes das veias escrotais);   
  • Hidrocele (congênita, encistada, comunicante);
  • Cálculos urinários;
  • Enurese (criança que urina na cama após os 5 anos);
  • Tumores do trato urinário como os localizados em rim, bexiga e testículo.

Quais são os tratamentos mais realizados pelo uropediatra?

Ao contrário do que o senso comum imagina, crianças têm ótima tolerância a anestesia e procedimentos cirúrgicos. Elas se recuperam rapidamente, retomando suas atividades habituais em pouco tempo.

É importante saber que as causas e tratamentos (clínicos e cirúrgicos) das doenças urológicas e genitais variam de acordo com a idade do paciente, principalmente nos primeiros anos de vida. De maneira geral, os tratamentos mais realizados pelo uropediatra são:

  • Emprego de hormônio tópico e/ou injetável, em situações específicas e selecionadas como micropênis e hipospádia; 
  • Cirurgia minimamente invasiva(via laparoscópica e assistida por robô) como pieloplastia, nefrectomia total ou parcial, ureteroplastia, reimplante ureteral, derivação urinária, ampliação vesical, ressecção de remanescente do úraco, orquidopexia, varicocele, herniorrafia inguinal;   
  • Procedimentos endoscópicos como cistoscopia, tratamento endoscópico de refluxo vesicoureteral e de bexiga hiperativa, punção endoscópica de ureterocele, ressecção endoscópica de válvula de uretra, endopielotomia, ureteroscopia, ureterorrenolitotripsia e nefrolitotomia percutânea empregados no tratamento de cálculo urinário;   
  • Cirurgias reconstrutivas do genital como correção de hipospádia e epispádia em um ou dois tempos com uso de enxerto de mucosa oral, ortofaloplastia, correção de transposição peno-escrotal, correção de duplicidade uretral, megalo-uretra, pênis embutido; 

Assim, caso o pediatra recomende  uma visita ao uropediatra, procure um profissional de sua confiança. Quanto antes o problema for investigado e identificado, melhores resultados poderão ser obtidos aumentando a taxa de sucesso pós operatório. 

Procure um bom especialista e não tenha receio: lembre-se que os cuidados prestados pela urologia pediátrica são essenciais, tanto para a qualidade de vida no presente quanto para evitar sequelas futuras.

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Dra. Marilyse Fernandes
Publicado por: Dra. Marilyse Fernandes - Cirurgia Pediátrica - CRM 92676 | RQE 21334
A Dra Marilyse Fernandes (CRM 92676 / RQE 21334) é médica especialista em cirurgia pediátrica e robótica, dedicada à urologia infantil com experiência em hidronefrose congênita, malformações genitais e disfunções miccionais. Formada pela Universidade Estadual de Londrina, Doutora em Ciências da Reabilitação pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós Graduada em Cirurgia Robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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