A urologia pediátrica é uma área da medicina, em que atuam profissionais especializados tanto em Cirurgia Pediátrica como em Urologia, acompanhando crianças, de ambos os sexos, desde a vida intrauterina. Na maioria das vezes, o encaminhamento é feito pelo pediatra, ao perceber alguma anormalidade durante a realização do exame físico ou alteração no resultado de algum exame complementar.
Após realizar a avaliação, o uropediatra, por sua vez, poderá em casos específicos, também solicitar a participação de médicos de outras especialidades, para dar seguimento ao tratamento, conforme a necessidade do caso.
Não há como negar que a urologia pediátrica tenha sua complexidade, afinal quando se trata da saúde dos nossos filhos é habitual nos sentirmos apreensivos. Porém, mesmo quando houver a necessidade de uma cirurgia, não se aflija, atualmente a medicina dispõe de recursos que proporcionam a cada dia maior eficiência e segurança.
Continue a leitura e saiba mais sobre a especialidade!
O que é urologia pediátrica?
A urologia pediátrica aborda o tratamento de crianças e adolescentes — até os 14 anos — com problemas urológicos e genitais. Assim, o uropediatra pode cuidar de problemas nos rins, ureteres, bexiga, uretra, pênis e testículos.
Quando diagnosticadas, as doenças podem ser tratadas clinicamente e/ou por cirurgia.
Os problemas mais comuns, de acordo com a faixa etária, são:
- em recém-nascido e lactente: hidronefrose, refluxo vesicoureteral, estenose da JUP, válvula de uretra, bexiga neurogênica, infecção do trato urinário, hipospádia, testículo não descido, remanescente do úraco;
- na fase pré-escolar: hérnia inguinal, hidrocele, infecção do trato urinário, fimose, pênis embutido, disfunção miccional, incontinência urinária, bexiga neurogênica;
- na fase escolar: hidrocele, testículo ascendente, disfunção miccional, enurese, cálculo urinário, anormalidades do desenvolvimento peniano, cisto do úraco,;
- na adolescência: pênis curvo, torção testicular, orquiepididimite e varicocele.
Quais são os profissionais envolvidos?
Geralmente, tudo começa com o pediatra, que reconhece alguma anormalidade no trato urinário ou no aparelho genital e encaminha o paciente para o uropediatra. A partir daí, profissionais de outras áreas podem participar e colaborar no tratamento.
Muitas vezes, os tratamentos são multidisciplinares, envolvendo fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e, principalmente, nefrologistas. Vale destacar que, apesar da intersecção entre a uropediatria e o nefrologista pediátrico, cada especialidade tem sua atuação:
- o uropediatra investiga e identifica qual é o problema genitourinário e, então, decide dentre as opções terapêuticas qual estará indicada para o caso, sendo que, em várias situações, será necessária a associação de conduta clínica e de tratamento cirúrgico com reconstrução do trato urinário e das anormalidades genitais;
- o nefrologista pediátrico investiga qual é a doença que acomete os rins, sendo geralmente alterações de origem inflamatória, imunológica ou cicatriciais e que comprometem a unidade funcional glomerular, responsável por filtrar o sangue e produzir a urina. Por meio de inúmeras medicações e hemodiálise, consegue impedir ou estabilizar a doença, possibilitando uma melhora da função renal.
Por isso, quando há uma doença do trato urinário é comum o urologista pediátrico fazer o procedimento cirúrgico e o nefrologista pediátrico dar continuidade ao tratamento, acompanhando e orientando os cuidados à criança a longo prazo.
Como são feitos os diagnósticos?
A anamnese (análise de sinais e sintomas e levantamento do histórico clínico) no consultório de um uropediatra varia conforme a idade da criança. Quando os pacientes são muito pequenos, as informações provêm dos pais, responsáveis ou cuidadores; se mais velhos, por eles próprios.
A realização do exame físico também é essencial na elaboração do diagnóstico. Já exames complementares laboratoriais e de imagem são solicitados, apenas, em casos que houver dúvida diagnóstica e indicação precisa, a fim de evitar a exposição do jovem paciente a riscos desnecessários como radiação ionizante.
Quais são as doenças mais comuns tratadas pela urologia pediátrica?
A lista de problemas que o uropediatra acompanha e trata é extensa. Entre eles, destacam-se:
- Anomalias genitourinárias detectadas antes do nascimento;
- Doenças congênitas do trato urinário, como válvula de uretra posterior (obstrução da uretra produzindo dificuldade para passagem da urina),megaureter obstrutivo (aumento do calibre ureteral secundário a obstrução da junção ureterovesical); ureterocele (dilatação da porção terminal do ureter dentro da bexiga); refluxo vésicoureteral (retorno da urina da bexiga para o rim) e estenose de JUP (estreitamento na junção da pelve renal com o ureter),entre outras;
- Bexiga neurogênica (alteração do funcionamento da bexiga de origem neurológica, decorrente de situações como mielomeningocele, encefalopatia crônica, trauma ou tumor raquimedular e malformações anorretais);
- Bexiga hiperativa (aumento do número de micções associado a pequena ou grande perda de urina na roupa);
- Incontinência urinária (perda involuntária de urina na roupa durante o dia);
- Infecção do trato urinário;
- Hipospádia e epispádia (alteração na formação da uretra, cujo orifício de saída da urina não está localizado na ponta do pênis);
- Fimose (estreitamento do prepúcio que dificulta a exposição da glande);
- Pênis embutido, micropênis e pênis curvo congênito (alterações da anatomia e/ou tamanho peniano);
- Alteração da descida testicular (criptorquia, testículo ascendido e testículo retrátil (quando um ou ambos os testículos estão fora do escroto, em posição mais alta, na área intra-abdominal ou inguinal)
- Hérnias (tanto do tipo que aparece e desaparece, bem como hérnias encarceradas);
- Orquiepididimite (infecção do epidídimo e testículo);
- Varicocele (varizes das veias escrotais);
- Hidrocele (congênita, encistada, comunicante);
- Cálculos urinários;
- Enurese (criança que urina na cama após os 5 anos);
- Tumores do trato urinário como os localizados em rim, bexiga e testículo.
Quais são os tratamentos mais realizados pelo uropediatra?
Ao contrário do que o senso comum imagina, crianças têm ótima tolerância a anestesia e procedimentos cirúrgicos. Elas se recuperam rapidamente, retomando suas atividades habituais em pouco tempo.
É importante saber que as causas e tratamentos (clínicos e cirúrgicos) das doenças urológicas e genitais variam de acordo com a idade do paciente, principalmente nos primeiros anos de vida. De maneira geral, os tratamentos mais realizados pelo uropediatra são:
- Emprego de hormônio tópico e/ou injetável, em situações específicas e selecionadas como micropênis e hipospádia;
- Cirurgia minimamente invasiva(via laparoscópica e assistida por robô) como pieloplastia, nefrectomia total ou parcial, ureteroplastia, reimplante ureteral, derivação urinária, ampliação vesical, ressecção de remanescente do úraco, orquidopexia, varicocele, herniorrafia inguinal;
- Procedimentos endoscópicos como cistoscopia, tratamento endoscópico de refluxo vesicoureteral e de bexiga hiperativa, punção endoscópica de ureterocele, ressecção endoscópica de válvula de uretra, endopielotomia, ureteroscopia, ureterorrenolitotripsia e nefrolitotomia percutânea empregados no tratamento de cálculo urinário;
- Cirurgias reconstrutivas do genital como correção de hipospádia e epispádia em um ou dois tempos com uso de enxerto de mucosa oral, ortofaloplastia, correção de transposição peno-escrotal, correção de duplicidade uretral, megalo-uretra, pênis embutido;
Assim, caso o pediatra recomende uma visita ao uropediatra, procure um profissional de sua confiança. Quanto antes o problema for investigado e identificado, melhores resultados poderão ser obtidos aumentando a taxa de sucesso pós operatório.
Procure um bom especialista e não tenha receio: lembre-se que os cuidados prestados pela urologia pediátrica são essenciais, tanto para a qualidade de vida no presente quanto para evitar sequelas futuras.
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