Qual a menor idade para uma cirurgia robótica? - Dra. Marilyse Fernandes

Qual a menor idade para uma cirurgia robótica?

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Por: CRM 92676 | RQE 21334

A decisão sobre a realização de uma cirurgia urológica assistida por robô em pacientes pediátricos dependerá de vários fatores, incluindo a condição médica específica, a presença de comorbidades e a experiência do cirurgião e da equipe médica com a técnica.

Geralmente, a cirurgia robótica urológica é mais comum em adultos, sendo mais indicada em sua grande maioria para homens que necessitam de remoção de tumores na próstata.  Porém, o emprego deste método para corrigir os problemas urológicos que afetam crianças, como por exemplo a estenose da JUP, refluxo vesicoureteral, duplicidade ureteral entre outras condições, tem se tornado cada dia mais frequente. Especialmente em situações onde essa abordagem oferece benefícios significativos em termos de maior precisão, menor sangramento intra-operatório, redução do tempo de internação e aceleração da recuperação pós-operatória.

Critérios

A abordagem cirúrgica assistida por robô requer uma plataforma de equipamentos de alta tecnologia, com custo considerável, e equipes cirúrgicas treinadas e dedicadas ao programa. Na cirurgia robótica urológica, a câmera e as pinças são introduzidas no abdome, isso requer que o paciente tenha um peso e tamanho mínimos, para que o aparelho possa ser corretamente posicionado e haja espaço suficiente, na cavidade abdominal, para movimentar os instrumentos e realizar o procedimento. Podemos inferir qual criança é elegível para ser submetida a cirurgia robótica através da medida das distâncias entre as espinhas ilíacas ântero-superiores e entre o púbis até o osso xifóide.

A idade mínima para a realização de uma cirurgia robótica em urologia pediátrica pode variar e dependerá da natureza específica da condição médica, da experiência do cirurgião e da disponibilidade de tecnologia adequada. Em qualquer caso, a decisão é geralmente tomada após uma cuidadosa avaliação dos riscos e benefícios, considerando a situação clínica única de cada paciente.

Entretanto, uma questão que levanta muitas discussões e ainda não foi totalmente esclarecida, diz respeito a viabilidade, segurança e eficácia da cirurgia robótica em bebês. Existem vários artigos sobre este tópico publicados nos últimos dez anos, todos de estudos com pequenas séries de casos, mas que demonstram segurança e eficácia em procedimentos urológicos realizados em crianças com idade abaixo de 1 ano ou com peso inferior a 10kg.

Estudo recente

Em 2021, um estudo estratificou 101 bebês, por idade e peso em quartis, e analisou os resultados de 101 crianças com idade entre 6 a 9 meses e peso entre 7.2 a 8.9kg submetidas a pieloplastia robótica e uretero-ureteroanatomose robótica. Os pacientes foram comparados e não foi observado diferença entre os grupos com relação ao tempo para realizar a cirurgia, perda de sangue intra-operatório, duração da internação,necessidade de conversão para cirurgia aberta ou laparoscópica, sucesso na resolução da condição clínica e nas complicações ocorridas desde o intra-operatório até completar trinta dias de pós-operatório. 

Ou seja, o emprego da plataforma robótica para tratamento desses problemas urológicos, mostrou-se tecnicamente viável, segura e eficaz mesmo em bebês com peso em torno de 7 kg e idade de 6 meses.

Se você estiver considerando uma cirurgia robótica para uma criança em particular, é importante discutir detalhadamente com uma equipe médica especializada, que poderá fornecer informações mais específicas com base na condição de saúde da criança e em considerações individuais.

Toda semana abordamos algum assunto importante da urologia pediátrica. Até a próxima!!


Dra. Marilyse Fernandes
Publicado por: Dra. Marilyse Fernandes - Cirurgia Pediátrica - CRM 92676 | RQE 21334
A Dra Marilyse Fernandes (CRM 92676 / RQE 21334) é médica especialista em cirurgia pediátrica e robótica, dedicada à urologia infantil com experiência em hidronefrose congênita, malformações genitais e disfunções miccionais. Formada pela Universidade Estadual de Londrina, Doutora em Ciências da Reabilitação pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós Graduada em Cirurgia Robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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