Na medicina possuímos atualmente muitos recursos na busca pelo bem estar do paciente. Quando falamos na investigação deste importante problema que é o refluxo vesicoureteral, podemos dizer que alguns exames são necessários.
O refluxo vesicoureteral (RVU) é uma condição na qual a urina flui de volta da bexiga para o trato urinário superior, em vez de seguir a direção normal, ou seja, ser eliminada para fora do corpo. Portanto, os exames para detectá-lo precisam avaliar o funcionamento dinâmico dos rins, ureteres e bexiga.
Aqui estão alguns exames que colaboram no diagnóstico:
- 1 – Ultrassonografia: Geralmente é utilizada na avaliação inicial, para rastreamento de anomalias do trato urinário, identificando sinais como dilatação dos rins e ureteres, afilamento da cortical renal, resíduo pós miccional aumentado, entre outros. Nos refluxos de alto grau podemos observar tais achados, entretanto no caso de refluxo mais leve, a ultrassonografia pode não demonstrar alterações. Nos últimos anos, o emprego do ultrassom com contraste por microbolhas (SonoVue®) injetados por meio de uma sonda na bexiga, tem mostrado acurácia excelente como método alternativo a uretrocistografia miccional para o diagnóstico do refluxo vesicoureteral.Tendo como vantagens a grande disponibilidade de aparelhos de ultrassom no país além da não exposição das crianças à radiação ionizante.
- 2 – Cistocintilografia renal direta ou indireta: Este teste é mais sensível do que a ultrassonografia e uretrocistografia para detectar RVU e pode ser especialmente útil em casos de RVU de baixo grau. Envolve a injeção de um material radioativo na corrente sanguínea, que é então filtrado pelos rins e excretado na urina (cistocintilografia indireta),ou injetado diretamente na bexiga (cistocintilografia direta). Imagens são obtidas durante a fase de enchimento vesical e na sequência durante a micção para ver se há o retorno da urina. Entretanto, não fornece imagens detalhadas da anatomia ureteral e renal, elementos importantes para a tomada de decisão de qual a melhor maneira de tratamento do problema. Dessa forma, habitualmente é um exame indicado durante o acompanhamento evolutivo do quadro de RVU.
- 3 – Raio-x Uretrocistografia Miccional: Envolve a colocação de um cateter na bexiga que será preenchida com contraste iodado e, em seguida, várias radiografias serão realizadas, com a bexiga cheia e depois enquanto a criança urina. Esse exame permite análise detalhada do momento do refluxo (com a bexiga cheia e depois durante a micção) assim como do grau do refluxo da urina para rins e ureteres.
- 4 – Cistoscopia: Em casos mais complexos ou para avaliar possíveis anormalidades da bexiga, pode ser realizada uma cistoscopia. Envolve a inserção de um pequeno tubo,com uma câmera na extremidade, pela uretra para visualizar o interior da bexiga. Esse é um procedimento feito em centro cirúrgico e necessita de anestesia.
O raio-x uretrocistografia miccional é considerado o exame padrão-ouro para diagnosticar o refluxo vesicoureteral. Porém é considerado invasivo, por ser um procedimento que expõe a radiação e necessita da passagem de uma sonda pela uretra, causando bastante apreensão nos pais ao ser realizado. Por outro lado, a vantagem é que com a uretrocistografia podemos examinar detalhadamente a anatomia dos rins, ureteres, bexiga e uretra. Aqui está uma descrição básica de como funciona o exame:
- Preparação do paciente: O paciente é posicionado na mesa de exames, geralmente deitado de costas.
- Injeção do contraste: Um cateter estéril é inserido na uretra, permitindo que o contraste seja inserido na bexiga. O contraste iodado é uma substância líquida incolor.
- Obtenção de imagens: Enquanto o contraste é injetado na bexiga, imagens de raios-X são capturadas em tempo real. Essas imagens mostram o contorno e o preenchimento da bexiga, bem como o fluxo do contraste através da uretra.
- Observação de possíveis anormalidades: Durante um exame realizado cuidadosamente será possível através das imagens obtidas detectar anormalidades como refluxo vesicoureteral além de outras condições que possam afetar o funcionamento normal do trato urinário.
- Finalização do procedimento: Após a obtenção das imagens necessárias, o cateter é removido e o paciente pode ser liberado, geralmente sem necessidade de repouso ou recuperação prolongada. É importante notar que apesar da uretrocistografia ser um procedimento seguro, pode ocorrer discreto desconforto para urinar com coloração da urina levemente avermelhada nas 48 horas seguintes. Existe o risco desenvolvimento de infecção urinária pós exame em torno de 1 a 5% dos casos.
Para saber mais sobre refluxo vesicoureteral e outros assuntos relacionados a urologia pediátrica acompanhe semanalmente as nossas publicações. Até a próxima!!