Quando suspeitar de VUP durante a gestação? - Dra. Marilyse Fernandes

Quando suspeitar de VUP durante a gestação?

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Por: CRM 92676 | RQE 21334

Se você está grávida, não sabe o que é VUP, mas recebeu o diagnóstico de que seu bebê pode ter esse problema, saiba que criamos este conteúdo pensando em você. Em primeiro lugar, é preciso entender que VUP nada mais é do que a sigla que quer dizer válvula de uretra posterior.

Para explicar melhor, podemos dizer que a válvula consiste em uma prega mucosa 

originária de resquício dos tecidos formadores da uretra. Ou seja, no momento final da formação da uretra embrionária pode ser que esse tecido “permaneça” e assim funcione como uma válvula obstruindo a passagem da urina pela uretra, logo abaixo da sua junção com a bexiga.

Dessa forma,  essa válvula localizada na parede da uretra posterior – VUP –  impede a micção em diferentes graus e causa problemas variados à gestação e ao bebê. 

Normalmente, a VUP surge nas primeiras semanas do desenvolvimento fetal. É uma malformação congênita que atinge apenas os bebês do sexo masculino, pois a anatomia da uretra dos meninos é diferente da uretra feminina. 

Em termos de frequência, a VUP ocorre em cerca de um a cada oito mil nascimentos. Mesmo com baixa incidência, este problema merece muita atenção e cuidados especializados, devido a repercussão que pode provocar em todo trato urinário, com chances de evoluir para insuficiência renal crônica em 30% dos casos. 

Quais sinais devemos observar?

Indícios de VUP podem ser detectados nos exames de ultrassom realizados ao longo da gestação. No início do 2𑇑 trimestre da gestação, os sinais mais sugestivos são a presença de dilatação em um ou dois rins e ureteres  – ureterohidronefrose – , bexiga que não esvazia totalmente, com tamanho aumentado e de paredes espessadas.  

Às vezes a dilatação da uretra posterior também pode ser identificada no ultrassom gestacional, chamada de sinal do buraco da fechadura. Outro achado demonstrativo da presença e do grau de obstrução urinária é a redução progressiva do volume de líquido amniótico.

Mas alto lá! Aí vem a pergunta de uma mãe astuta: “Dra, como o ultrassom do bebê estava normal durante a gestação, significa então que posso ficar despreocupada?? “

A princípio sim! Contudo, após o nascimento, em bebês que não tiveram anormalidades detectadas ao ultrassom antenatal, alguns sinais e sintomas devem causar suspeita de VUP como jato urinário fraco, dificuldade ou esforço para urinar, aumento da frequência de micções, perdas de urina na roupa, além de infecção urinária.

Por isso é fundamental que pais, responsáveis e familiares sejam sempre atentos aos hábitos urinários e valorizem sintomas miccionais nas crianças.

Sendo assim, após o nascimento do bebê, a confirmação do diagnóstico é feita pela uretrocistografia miccional. Este é uma exame de raio-x, realizado após a passagem de uma sonda pela uretra e com a injeção de um contraste na bexiga. Possibilita avaliar precisamente a anatomia da uretra e bexiga. 

Em busca do melhor tratamento!

Em caso de dúvida diagnóstica ou para realização do tratamento, a cistoscopia com abertura endoscópica da VUP, será sempre que possível, a primeira opção terapêutica. Outras alternativas são a vesicostomia e a ureterostomia , técnicas cirúrgicas geralmente temporárias, mas em algumas situações muito eficientes.

Além disso, apenas certos casos serão beneficiados com a realização de cirurgia fetal.

Por fim,  o uso de medicações, como anticolinérgicos e alfa-bloqueadores, proporcionam melhora do funcionamento da bexiga e do esfíncter uretral. 

Falaremos mais dessas técnicas em outras postagens. 

É indispensável fazer acompanhamento a longo prazo, com avaliação periódica por urologista pediátrico experiente, pois uma intervenção correta em um momento preciso, poderá fazer a diferença para alcançar a melhor saúde possível para cada criança.

Quer saber mais sobre válvula de uretra posterior? Acompanhe novas publicações, visite o site e aproveite para assistir um vídeo no meu canal do Youtube .


Dra. Marilyse Fernandes
Publicado por: Dra. Marilyse Fernandes - Cirurgia Pediátrica - CRM 92676 | RQE 21334
A Dra Marilyse Fernandes (CRM 92676 / RQE 21334) é médica especialista em cirurgia pediátrica e robótica, dedicada à urologia infantil com experiência em hidronefrose congênita, malformações genitais e disfunções miccionais. Formada pela Universidade Estadual de Londrina, Doutora em Ciências da Reabilitação pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós Graduada em Cirurgia Robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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