Urologia Pediátrica: conheça essa área! - Dra. Marilyse Fernandes

Urologia Pediátrica: conheça essa área!

Atualizado em
Por: CRM 92676 | RQE 21334

Quando pensamos em saúde infantil, é natural focarmos em questões como resfriados, vacinas e check-ups regulares. No entanto, existe uma área específica da medicina dedicada ao cuidado das crianças quando se trata de problemas urinários e genitais. Essa área é conhecida como urologia pediátrica, uropediatria ou urologia infantil.

Nós urologistas pediátricos somos treinados para diagnosticar, tratar e gerenciar uma variedade de condições que afetam os rins, bexiga, uretra e órgãos genitais de crianças desde o nascimento até a adolescência. Aqui estão algumas das doenças mais comuns que fazem parte da nossa rotina diária de cuidados urológicos pediátricos.

1. Infecções do Trato Urinário (ITU)

As ITUs são comuns em crianças e podem além de causar dor e febre, levar a cicatrizes renais se não forem tratadas adequadamente. O uropediatra está sempre atento para diagnosticar as causas e tratar essas infecções, ajudando a prevenir danos permanentes nos rins, junto com o nefrologista infantil.

2. Hidronefrose

Esta é uma condição na qual há dilatação do rim devido ao acúmulo de urina.  Estima-se que afete entre 0,5% e 1,5% dos recém-nascidos. Pode ser apenas transitória ou ser causada por cálculos ou anomalias congênitas. O uropediatra avalia e indica qual será o tratamento em cada caso, muitas vezes por meio de cirurgia minimamente invasiva.

Refluxo Vesicoureteral (RVU)

O RVU é uma anomalia na qual a urina flui de volta dos ureteres para a bexiga, aumentando o risco de infecções urinárias e danos renais. Estima-se que afete cerca de 1 a 2% das crianças em geral e até 30% das crianças com infecções urinárias febris.

3. Fimose

Esta é uma condição em que a abertura do prepúcio (a pele que cobre a ponta do pênis) é estreita, dificultando ou impossibilitando a exposição da glande. É comum em meninos recém-nascidos e lactentes, com uma incidência estimada de cerca de 4 a 10%. No entanto, a maioria dos casos resolve-se espontaneamente até a adolescência. O uropediatra pode oferecer opções de tratamento, incluindo a postectomia, quando necessário.

4. Criptorquidia

Também conhecida como testículo não descido, é uma condição em que um ou ambos os testículos não descem para o escroto. Afeta cerca de 1 em cada 20 meninos nascidos a termo e até 1 em cada 3 prematuros.O uropediatra realiza procedimentos para corrigir essa condição e prevenir complicações futuras, como infertilidade e câncer testicular.

5. Malformações Congênitas

Isso inclui uma variedade de anomalias no desenvolvimento dos órgãos urinários e genitais, como duplicações renais, refluxo vesicoureteral e obstruções. Os urologistas pediátricos têm experiência em diagnosticar e tratar essas condições desde o nascimento até a idade adulta.

6. Hipospádia

É a condição em que a uretra não se abre na ponta do pênis, mas em algum lugar ao longo do eixo peniano. Estima-se que a hipospádia afete cerca de 1 em cada 250 a 300 meninos nascidos vivos, com variações na incidência dependendo do tipo e da gravidade da condição. A correção da hipospádia, conforme a avaliação do uropediatra, pode ser realizada em uma ou duas etapas, com o objetivo de reconstruir a uretra, glande e o prepúcio.

7. Diferenças do desenvolvimento sexual

Incluindo distúrbios da diferenciação sexual, como a hiperplasia adrenal congênita e a síndrome de Turner.

8. Anomalias renais congênitas

Incluindo duplicações renais, rins em ferradura e agenesia renal. Baseado em exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM),para avaliar a morfologia dos rins e do trato urinário. O tratamento depende do tipo e da gravidade da anomalia renal, podendo variar de monitoramento regular para anomalias assintomáticas até intervenção cirúrgica para correção de anomalias complicadas.

9. Tumores renais e urológicos

Como o tumor de Wilms (nefroblastoma),carcinoma de células renais e tumores testiculares. O tratamento será proposto pelo uropediatra conforme o tipo e  estágio do tumor, podendo incluir cirurgia para ressecção do tumor, quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia.

10. Cistos renais

Bolsas de líquido nos rins que podem ser congênitas ou adquiridas. Na maioria dos casos, não é necessário tratamento para cistos renais simples assintomáticos, mas cistos grandes, sintomáticos ou complexos podem exigir monitoramento regular ou intervenção cirúrgica.

11. Obstruções urinárias

Tais como estenose de junção ureteropiélica (EJUP) ou válvula de uretra posterior (VUP).

12. Cálculo urinário

A incidência de cálculos renais em crianças está aumentando globalmente, embora ainda seja relativamente baixa em comparação com adultos. Aproximadamente 1 em cada 1.000 a 2.000 crianças desenvolverá cálculos renais a cada ano.

A incidência de cálculos renais na infância pode variar dependendo de vários fatores, incluindo idade, sexo, etnia e geografia. História de cálculos renais na família, história de prematuridade ou baixo peso ao nascer, e certas condições médicas crônicas também podem aumentar o risco de cálculos renais em crianças.

13. Bexiga Neurogênica

É uma condição em que o funcionamento normal da bexiga é afetado devido a uma lesão ou disfunção no sistema nervoso, levando a problemas para a bexiga armazenar e esvaziar a urina. Pode ocorrer em crianças com lesões do sistema nervoso periférico e central, como espinha bífida, mielomeningocele, lesões da medula espinhal  ou danos cerebrais. A bexiga neurogênica pode apresentar-se de várias maneiras, incluindo disfunção do esvaziamento da bexiga, incontinência urinária, retenção urinária ou bexiga hiperativa. O tratamento da bexiga neurogênica em crianças pode incluir uma combinação de terapia comportamental, medicamentos, cateterismo intermitente limpo, cirurgia reconstrutiva, entre outros, dependendo da causa subjacente e da gravidade dos sintomas.

14. Enurese Noturna (Xixi na Cama)

Afeta cerca de 15% das crianças aos cinco anos de idade, com a redução da incidência  gradualmente à medida que a criança amadurece. Cerca de 1 a 2% das crianças que ainda sofrem de enurese aos 15 anos continuarão a apresentar sintomas na idade adulta. O manejo pelo uropediatra geralmente engloba terapia comportamental, como alarmes de enurese, restrição de líquidos à noite, uso de medicações, controle de constipação e tratamento de distúrbios do sono subjacentes .

15. Incontinência Diurna

A incidência varia dependendo da idade da criança e da definição utilizada. Afeta cerca de 1% a 2% das crianças em idade escolar, com uma proporção maior em crianças mais novas. Medidas como terapia comportamental, como horários regulares para ir ao banheiro, treinamento do assoalho pélvico, medicamentos para controle da bexiga em casos específicos.

Essas são abordagens gerais para o diagnóstico e tratamento de apenas algumas das condições urológicas que afetam as crianças. Cada caso é único e requer uma abordagem individualizada do uropediatra após a avaliação completa do paciente. Se o sua/seu  filha (o) está enfrentando algum problema urinário ou genital, é importante procurar a orientação de um urologista pediátrico. Estamos sempre dedicados a oferecer cuidados personalizados e eficazes para garantir a saúde e o bem-estar das crianças em todas as fases do desenvolvimento.


Dra. Marilyse Fernandes
Publicado por: Dra. Marilyse Fernandes - Cirurgia Pediátrica - CRM 92676 | RQE 21334
A Dra Marilyse Fernandes (CRM 92676 / RQE 21334) é médica especialista em cirurgia pediátrica e robótica, dedicada à urologia infantil com experiência em hidronefrose congênita, malformações genitais e disfunções miccionais. Formada pela Universidade Estadual de Londrina, Doutora em Ciências da Reabilitação pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós Graduada em Cirurgia Robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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