Refluxo vesicoureteral infantil: o que é ? - Dra. Marilyse Fernandes

Refluxo vesicoureteral infantil: o que é ?

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Por: CRM 92676 | RQE 21334

Se você está lendo este artigo é porque já tem alguma noção sobre o que é refluxo vesicoureteral – RVU. Mas inicialmente, devemos rever e falar um pouco sobre alguns conceitos básicos, como relembrar o termo refluxo vesicoureteral. Significa dizer que quando ocorre RVU, a urina que deveria ser expelida para fora do corpo faz um caminho no sentido inverso. 

Ou seja, uma parte da urina retorna para os ureteres, podendo chegar até os rins, depois de já ter descido até a bexiga, enquanto outra parte é eliminada naturalmente  pela uretra, seguindo dessa forma o fluxo habitual. Isso pode acontecer apenas em um lado ou bilateralmente.

O diagnóstico do RVU é realizado por um exame de raio-x chamado uretrocistografia miccional. Além disso podemos através dele, classificar o grau, conforme a intensidade do refluxo e da dilatação provocada no trato urinário. O RVU é classificado em graus de 1 a 5. 

Os graus 1 e 2 são as formas mais brandas, chamados de refluxo de baixo grau, apresentam cerca de 70 a 80% de chance de evoluir com resolução espontânea ao longo dos primeiros anos de vida.

Enquanto os graus 4 e 5, são classificados como de alto grau, podem regredir espontaneamente em apenas 10-20% dos bebês, além de associarem-se a frequentes episódios de pielonefrite, uma forma de infecção urinária mais grave, que compromete o estado global da criança e pode deixar cicatrizes renais como sequela.

Sem sintomas? Então por que tratar?

*Muitas crianças são assintomáticas e não apresentam consequências a longo prazo devido ao refluxo vesicoureteral. Em alguns casos, o único sinal do RVU é a presença de hidronefrose fetal detectada durante a gestação.

Contudo, o principal sintoma de RVU é a ocorrência de infecção urinária, sendo o refluxo vesicoureteral, detectado em cerca de 30% das crianças que apresentaram um episódio prévio de infecção urinária febril.

Neste sentido, a preocupação é que a ocorrência de infecções urinárias febris de repetição, facilitada pelo refluxo vesicoureteral, leve à formação de cicatrizes renais e a perda definitiva do funcionamento em certas áreas dos rins.

E afinal, como tratar o RVU?

Para isso, precisamos pensar no tratamento do refluxo vesicoureteral, levando em considerando a idade da criança, o grau do RVU, outras anomalias do trato urinário, assim como, o número e gravidade das infecções urinárias apresentadas pela criança. 

Com o objetivo de evitar a ocorrência de novas infecções, recomenda-se o uso profilático diário de pequena dose de antibiótico, principalmente em bebês antes do desfralde, e após, em meninas com disfunção miccional associada. 

Em situações onde apenas o uso de antibióticos não é satisfatório, seja por que a criança ou família não se adaptou ao uso contínuo, seja devido a persistência de episódios de infecção urinária, surgimento de novas cicatrizes renais ou manutenção do RVU a longo prazo, uma intervenção cirúrgica poderá ser necessária.

Finalmente, pode ser indicado o tratamento endoscópico do RVU, técnica que consiste na injeção de substâncias biocompatíveis, como Deflux ou Vantris, na junção do ureter com a bexiga; ou tratamento cirúrgico convencional, laparoscópico ou assistido por robô – a depender da complexidade do caso – para a correção do refluxo através do reimplante ureteral. 

Para saber mais detalhes e a indicação para cada técnica de correção, acesse: Refluxo Vesicoureteral e bom tratamento!

Assista aos  vídeos de algumas cirurgias de tratamento de refluxo vesicoureteral.


Dra. Marilyse Fernandes
Publicado por: Dra. Marilyse Fernandes - Cirurgia Pediátrica - CRM 92676 | RQE 21334
A Dra Marilyse Fernandes (CRM 92676 / RQE 21334) é médica especialista em cirurgia pediátrica e robótica, dedicada à urologia infantil com experiência em hidronefrose congênita, malformações genitais e disfunções miccionais. Formada pela Universidade Estadual de Londrina, Doutora em Ciências da Reabilitação pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós Graduada em Cirurgia Robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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