Megaureter Congênito - Dra. Marilyse FernandesMegaureter é o termo utilizado quando o calibre ureteral está aumentado, ou seja “o ureter é grande”. Duas questões são fundamentais no manejo dessa condição, se existe refluxo de urina da bexiga para o ureter causando sua dilatação, será classificado como Megaureter primário refluxivo, ou se há alguma dificuldade para passagem da urina pela junção do ureter com a bexiga, provocando o aumento de tamanho ureteral classificado como Megaureter primário obstrutivo (Fig. 1)

Em alguns casos, poderá não haver associação com refluxo ou obstrução, e o diagnóstico será apenas de Megaureter primário não refluxivo e não obstrutivo.  O Megaureter primário resulta de uma anormalidade funcional ou anatômica localizada na junção ureterovesical, enquanto o megaureter secundário decorre de alguma anormalidade da bexiga ou uretra, como na válvula de uretra posterior, mielomeningocele e bexiga neurogênica.

É a segunda causa mais comum de hidronefrose antenatal, ocorrendo em 20% dos casos. Incide em 0,36 para cada 1.000 nascidos vivos. Afeta mais meninos, sendo mais comum no lado esquerdo. Em 30% dos casos compromete ambos os rins.

As crianças com megaureter congênito podem apresentar também outras anormalidades renais e extrarenais. Achados associados como estenose de JUP, refluxo vesicoureteral contralateral, hipoplasia/displasia renal, além de apêndice auricular e testículo não descido, são algumas das mais comuns.

Com relação ao tratamento, inicialmente é empregado o manejo conservador, pois a maioria das crianças apresentará resolução espontânea total ou parcial da dilatação ureteral. Em conclusão, exames programados são necessários para um acompanhamento ao longo dos primeiros anos de vida!

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Megaureter Congênito

Megaureter é o termo utilizado quando o calibre ureteral está aumentado, ou seja “o ureter é grande”. Duas questões são fundamentais no manejo dessa condição, se existe refluxo de urina da bexiga para o ureter causando sua dilatação, será classificado como Megaureter primário refluxivo, ou se há alguma dificuldade para passagem da urina pela junção do ureter com a bexiga, provocando o aumento de tamanho ureteral classificado como Megaureter primário obstrutivo (Fig. 1)

Em alguns casos, poderá não haver associação com refluxo ou obstrução, e o diagnóstico será apenas de Megaureter primário não refluxivo e não obstrutivo.  O Megaureter primário resulta de uma anormalidade funcional ou anatômica localizada na junção ureterovesical, enquanto o megaureter secundário decorre de alguma anormalidade da bexiga ou uretra, como na válvula de uretra posterior, mielomeningocele e bexiga neurogênica.

É a segunda causa mais comum de hidronefrose antenatal, ocorrendo em 20% dos casos. Incide em 0,36 para cada 1.000 nascidos vivos. Afeta mais meninos, sendo mais comum no lado esquerdo. Em 30% dos casos compromete ambos os rins.

As crianças com megaureter congênito podem apresentar também outras anormalidades renais e extrarenais. Achados associados como estenose de JUP, refluxo vesicoureteral contralateral, hipoplasia/displasia renal, além de apêndice auricular e testículo não descido, são algumas das mais comuns.

Com relação ao tratamento, inicialmente é empregado o manejo conservador, pois a maioria das crianças apresentará resolução espontânea total ou parcial da dilatação ureteral. Em conclusão, exames programados são necessários para um acompanhamento ao longo dos primeiros anos de vida!

Causas e Sintomas do Megaureter Congênito

Comumente, o Megaureter não causa sintomas sendo apenas identificado no ultrassom pré-natal (Fig. 2). É uma condição clínica na qual o calibre ureteral excede os limites superiores da normalidade que durante a infância deve medir menos de 7 mm, sendo geralmente visualizado durante a ultrassonografia do aparelho urinário.

Sequencialmente, deve-se complementar a investigação clínica com exames de cintilografia renal - DMSA e DTPA (Fig. 3) com diurético e raio-x uretrocistografia miccional - UCGM para pesquisar a função renal, a presença de obstrução da junção ureterovesical e de refluxo vesicoureteral, respectivamente. Caso o diagnóstico ocorra tardiamente, como ao longo da infância, a criança poderá apresentar sintomas como infecção urinária, sangue na urina, dor abdominal e massa palpável no abdome.

Tratamento do Megaureter Congênito

Nas crianças assintomáticas, sem refluxo, sem obstrução e com função relativa do rim acometido, com função renal preservada, poderão ser somente acompanhadas, com reavaliação periódica até a resolução ou estabilização do quadro. Nos casos que evoluem com significativa piora do megaureter (>14mm) e/ou da dilatação da pelve renal, associada a queda da função renal detectada pela cintilografia renal, geralmente necessitam de intervenção cirúrgica. Quando o megaureter estiver associado a refluxo vesicoureteral (RVU),sem obstrução, a conduta será recomendada de acordo com o grau do RVU.

O tratamento cirúrgico do megaureter, consiste na ressecção do segmento ureteral distal obstrutivo e reimplante ureteral na bexiga (Fig. 4),empregando técnica anti-refluxo, associado ou não a modelagem/plicatura ureteral (Fig. 5),conforme o grau da dilatação do ureter. Pode ser realizado por acesso cirúrgico aberto por meio de incisão inguinal ou por abordagem cirúrgica minimamente invasiva, como na cirurgia robótica. 

Eventualmente, alguns bebês precisarão de uma derivação urinária externa temporária, chamada ureterostomia, para prevenir quadros repetitivos de pielonefrite com bacteremia. A abordagem endoscópica, utilizando dilatação por balão do ureter distal obstruído (Fig. 6),demonstrou em pequeno grupo de pacientes resultados promissores, entretanto estudos envolvendo maior número de casos ainda são necessários para confirmar a segurança e efetividade do método.

Portanto, para tratamento pode ser necessário:

  • Reimplante ureteral - cirurgia minimamente invasiva ou aberta convencional
  • Ureteroplastia
  • Instalação de cateter duplo J
  • Dilatação endoscópica
  • Ureterostomia temporária

Em conclusão, o melhor tratamento para o seu filho será indicado após avaliação dos exames e do quadro clínico da criança a partir de uma consulta com um especialista.

"O conteúdo destas informações foram revisados pela Dra Marilyse Fernandes. Destina-se apenas para fins educacionais e não deve substituir avaliação médica ou de qualquer outro profissional de saúde. Encorajamos a discussão de quaisquer dúvidas ou preocupações  com o/a médico/a de sua preferência e confiança".

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Megaureter primário à esquerda. Ureter direito sem anormalidades e ureter esquerdo dilatado e tortuoso, em toda sua extensão,  desde a pelve renal até a bexiga.

Fig 1: Megaureter primário à esquerda. Ureter direito sem anormalidades e ureter esquerdo dilatado e tortuoso, em toda sua extensão,  desde a pelve renal até a bexiga.

Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/cms/asset/83ebb286-94be-4b85-b6b3-531e018568f7/bju11676-fig-0001-m.jpg

Megaureter primário sem refluxo demonstrado em 4 imagens de ultrassom.

Fig 2: Ultrassom do aparelho urinário demonstrando dilatação do ureter e da pelve renal, achado comum no megaureter congênito.

Fonte: Science Direct

Imagem de Cintilografia Renal DTPA dividida em 10 partes mostrando estase ureteral bilateral mais acentuada à esquerda, ureter esquerdo tortuoso e redundante. Com gráfico abaixo, composto de 5 linhas e que demonstra, após a aplicação do diurético (linha amarela) que apesar da dilatação severa, a excreção de urina está adequada.

Fig 3: Imagem do autor.

Fig 4: Megaureter obstrutivo primário.

Fonte: Primary megaureter in infants and children

Fig 5: Modelagem e reimplante ureteral

Fonte: Primary megaureter in infants and children

Fig 6: Dilatação JUV, balão alta pressão.

Fonte: Primary Obstrutive Megaureter

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