Refluxo Vesicoureteral - RVU - Dra. Marilyse FernandesRefluxo vesicoureteral – RVU é o retorno da urina que está dentro da bexiga para o ureter podendo atingir até o rim. Ocorre somente de um lado ou bilateralmente (Fig 1).

É comum a criança apresentar esta condição desde a vida intra-uterina. O refluxo vesicoureteral – RVU decorre do posicionamento anormal do ureter na parede da bexiga, caracterizado por um curto trajeto que facilita o retorno da urina da bexiga para o ureter e rim (Fig 2).

Classificado em uma escala de I-V de acordo a intensidade do retorno da urina para trato urinário superior (Fig 3):

Classificação de refluxo:

Durante os primeiros dois a três anos de vida da criança, o refluxo vesicoureteral – RVU  pode reduzir de intensidade ou até mesmo desaparecer espontaneamente. Sabemos que nos refluxos de menor intensidade – graus I a III – é maior a probabilidade de resolução espontânea até os 36 meses de vida.

Nos primeiros 18 meses de vida, observa-se que o refluxo vesicoureteral é mais frequentemente nos meninos. Após a criança adquirir o controle dos esfíncteres urinário e fecal, o que ocorre geralmente entre 30 e 40 meses de vida, o refluxo vesicoureteral – RVU passa a ocorrer mais comumente nas meninas.

A presença de algum distúrbio da micção aumentam as chances de ocorrer refluxo vesicoureteral.

O refluxo vesicoureteral – RVU também pode ser observado como sequela neurogênica nos casos de mielomeningocele. Aparece de forma secundária nestas crianças com função anormal da bexiga, devido ao comprometimento dos nervos da coluna lombar e sacral.

Em outras anormalidades do trato urinário, como na válvula de uretra posterior, ureterocele, duplicidade ureteral e extrofia da bexiga, o refluxo vesicoureteral – RVU também poderá estar presente.

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Refluxo Vesicoureteral – RVU

Refluxo vesicoureteral – RVU é o retorno da urina que está dentro da bexiga para o ureter podendo atingir até o rim. Ocorre somente de um lado ou bilateralmente (Fig 1).

É comum a criança apresentar esta condição desde a vida intra-uterina. O refluxo vesicoureteral – RVU decorre do posicionamento anormal do ureter na parede da bexiga, caracterizado por um curto trajeto que facilita o retorno da urina da bexiga para o ureter e rim (Fig 2).

Classificado em uma escala de I-V de acordo a intensidade do retorno da urina para trato urinário superior (Fig 3):

Classificação de refluxo:

  • Grau I: refluxo da urina apenas para o ureter;
  • Grau II: refluxo da urina até o rim. No entanto, sem provocar dilatação;
  • Grau III: a urina reflui até o rim, com leve dilatação apenas da pelve renal;
  • Grau IV: a urina reflui até o rim, com dilatação do ureter, mas sem apresentar dobras ou acotovelamentos no ureter;
  • Grau V: a urina reflui para o rim, causando dilatação acentuada com dobras e acotovelamentos do ureter.

Durante os primeiros dois a três anos de vida da criança, o refluxo vesicoureteral – RVU  pode reduzir de intensidade ou até mesmo desaparecer espontaneamente. Sabemos que nos refluxos de menor intensidade – graus I a III – é maior a probabilidade de resolução espontânea até os 36 meses de vida.

Nos primeiros 18 meses de vida, observa-se que o refluxo vesicoureteral é mais frequentemente nos meninos. Após a criança adquirir o controle dos esfíncteres urinário e fecal, o que ocorre geralmente entre 30 e 40 meses de vida, o refluxo vesicoureteral – RVU passa a ocorrer mais comumente nas meninas.

A presença de algum distúrbio da micção aumentam as chances de ocorrer refluxo vesicoureteral.

O refluxo vesicoureteral – RVU também pode ser observado como sequela neurogênica nos casos de mielomeningocele. Aparece de forma secundária nestas crianças com função anormal da bexiga, devido ao comprometimento dos nervos da coluna lombar e sacral.

Em outras anormalidades do trato urinário, como na válvula de uretra posterior, ureterocele, duplicidade ureteral e extrofia da bexiga, o refluxo vesicoureteral – RVU também poderá estar presente.

Causas e Sintomas do Refluxo Vesicoureteral - RVU

Geralmente, o refluxo não causa sintomas.

Muitas vezes o refluxo vesicoureteral é diagnosticado após um episódio de infecção do trato urinário. Entretanto, sozinho, o refluxo vesicoureteral não causa infecções do trato urinário.

Crianças que apresentam refluxo vesicoureteral também podem apresentar dilatação do trato urinário - hidronefrose. Algumas vezes essa dilatação é identificada no ultrassom pré-natal, e através de estudos radiográficos após o nascimento.

É diagnosticado por um exame radiológico chamado uretrocistografia miccional - UCGM, considerado o método padrão-ouro para este diagnóstico. Este estudo é realizado pela passagem de uma sonda fina pela uretra até a bexiga. A bexiga é preenchida com contraste iodado, e são registradas imagens da bexiga e uretra durante as fases de enchimento e esvaziamento para verificar se o contraste retornou para um ou ambos os ureteres e rins.

Alguns estudos adicionais podem ser utilizados nas crianças com refluxo vesicoureteral:

Ultrassonografia aparelho urinário: é usado para determinar o tamanho e forma dos rins, espessura e ecogenicidade da cortical renal, resíduo vesical e espessura detrusor.

Cistocintilografia: exame semelhante ao raio-x uretrocistografia. É realizado através do emprego de um radiofármaco evitando a excessiva exposição à radiação. É frequentemente empregado durante o acompanhamento e reavaliação de pacientes com refluxo vesicoureteral.

Cintilografia renal estática (DMSA): Fornece imagens detalhadas dos rins, demonstrando a função, comprometimento renal e presença de cicatrizes.

Tratamento do Refluxo Vesicoureteral - RVU

É esperada a resolução espontânea do refluxo vesicoureteral nos primeiros anos da vida na maior parte das crianças. Sendo assim, geralmente as crianças o tratamento é expectante através de observação e acompanhamento programado,  aguardando sempre que possível  a melhora espontânea do problema. A cada um a dois anos repete-se os exames  - cistocintilografia ou raio-x UCGM - para verificar se houve resolução do refluxo vesicoureteral.

Ao longo do primeiro ano de vida, nas crianças com refluxo de alto grau ou com histórico de infecção do trato urinário, geralmente recomenda-se o uso de uma dose baixa de antibiótico diariamente - antibioticoprofilaxia - a fim de prevenir a ocorrência de infecção do trato urinário e o desenvolvimento de cicatrizes renais. Nos casos com refluxo de baixo grau, em crianças com treinamento miccional completo e que nunca tiveram infecção urinária, podem ser acompanhadas e mantidas sem uso de profilaxia com antibióticos.

Em alguns casos será necessária a correção cirúrgica do refluxo vesicoureteral. O principal motivo para indicação da intervenção cirúrgica é recorrência de infecção do trato urinário, mesmo com o uso de antibioticoprofilaxia.

Além disso, em casos de persistência do refluxo a longo prazo, surgimento de novas cicatrizes renais, intolerância da criança ou dos pais para usar antibioticoprofilaxia, são razões pelas quais a cirurgia poderá ser necessária.

Há duas formas de intervenção cirúrgica para correção do refluxo vesicoureteral: tratamento endoscópico - (Video 1) e cirurgia de reimplante ureteral realizado por via aberta ou minimamente invasiva - laparoscópica ou robótica -  (Vídeo 2).

O tratamento endoscópico é baseado na injeção de uma substância expansora na região ureteral para impedir o retorno da urina da bexiga para os ureteres  (Fig 4). Com o tratamento endoscópico as taxas de sucesso variam de 50 a 70% dependendo da intensidade do problema. A grande vantagem é ser um procedimento realizado sem incisão cirúrgicca, no qual o paciente recebe alta no mesmo dia e não necessita do uso de sonda vesical no pós-operatório. Pacientes com refluxo vesicoureteral de alto grau e acentuada dilatação dos ureteres geralmente não são bons candidatos para tratamento endoscópico.

O reimplante ureteral, realizado por via aberta ou minimamente invasiva, cirurgia laparoscópica ou robótica é um método que fornece os melhores resultados para a resolução do refluxo vesicoureteral - RVU. Entretanto, após a realização destes procedimentos, no pós operatório prevê internação por 2 a 5 dias além do uso de sonda vesical durante este período.

De toda forma, o tipo de correção cirúrgica indicada pelo médico especialista na área deverá sempre levar em consideração junto com a família do paciente, qual a melhor relação custo-benefício para resolução do problema.

"O conteúdo destas informações foram revisados pela Dra Marilyse Fernandes. Destina-se apenas para fins educacionais e não deve substituir avaliação médica ou de qualquer outro profissional de saúde. Encorajamos a discussão de quaisquer dúvidas ou preocupações  com o/a médico/a de sua preferência e confiança".

refluxo vesicoureteral-rvu

Fig 1: Anatomia da junção vesicoureteral.

Fonte: https://www.pediagenosis.com/2019/11/vesicoureteral-reflux.html

Fig 2: Patogênese do refluxo vesicoureteral - túnel  curto.

Fonte: https://www.pediagenosis.com/2019/11/vesicoureteral-reflux.html

Fig 3: Classificação do grau do refluxo vesicoureteral.

Fonte: https://www.pediagenosis.com/2019/11/vesicoureteral-reflux.html

Fig 4: Tratamento endoscópico

Fonte: próprio autor

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