Testículo Não Descido - Dra. Marilyse Fernandestestículos não completaram de modo satisfatório o trajeto de descida pelo abdome até posicionar-se no escroto (Fig 1).

Também chamado de criptorquidia, é o defeito congênito mais comum dos órgãos genitais masculinos, afetando um em cada 125 meninos.

Durante a gestação, no feto masculino, os testículos se desenvolvem próximo aos rins. Entre a 28ª e 40ª semanas de gravidez, os testículos migram para o escroto.

Imediatamente ao nascimento, cerca de 2 a 3% dos meninos apresentam o testículo ainda fora da região escrotal. Ao passo que em 20% destes, após o nascimento, os testículos podem completar sua descida, ao longo dos primeiros meses de vida.

O bebê precisará de uma cirurgia quando não ocorrer a descida testicular!

Por vezes, a migração testicular completa pode atrasar até o sexto mês de vida do bebê. Contudo, geralmente ocorre dentro dos primeiros 3 meses após o nascimento. O testículo será considerado como não descido se não chegar no escroto até os 6 meses de vida.

Além disso, a condição é mais comum nos bebês prematuros e com baixo peso ao nascimento.

Uma das consequências da localização inadequada, será a incapacidade para realizar o toque e o auto-exame testicular. Assim como, esse é um ato fundamental para detecção precoce do câncer testicular, um problema particularmente comum  na adolescência e na vida adulta.

Uma preocupação que frequentemente os pais destes meninos têm é sobre a capacidade futura para gerar filhos. A boa notícia é que na maioria dos casos, meninos com um dos testículos não descido poderão ter filhos sem maiores dificuldades.

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Testículo Não Descido

Em primeiro lugar, os testículos são os órgãos reprodutores masculinos e devem ficar posicionados na maior parte do tempo no escroto. Frequentemente, ao final da gestação, os testículos fetais descem pelo abdome, passam pela virilha e na sequência alcançam a região escrotal.

Nesse sentido, o termo alteração da descida testicular ou testículo não descido é empregado quando um ou ambos os testículos não completaram de modo satisfatório o trajeto de descida pelo abdome até posicionar-se no escroto (Fig 1).

Também chamado de criptorquidia, é o defeito congênito mais comum dos órgãos genitais masculinos, afetando um em cada 125 meninos.

Durante a gestação, no feto masculino, os testículos se desenvolvem próximo aos rins. Entre a 28ª e 40ª semanas de gravidez, os testículos migram para o escroto.

Imediatamente ao nascimento, cerca de 2 a 3% dos meninos apresentam o testículo ainda fora da região escrotal. Ao passo que em 20% destes, após o nascimento, os testículos podem completar sua descida, ao longo dos primeiros meses de vida.

O bebê precisará de uma cirurgia quando não ocorrer a descida testicular!

Por vezes, a migração testicular completa pode atrasar até o sexto mês de vida do bebê. Contudo, geralmente ocorre dentro dos primeiros 3 meses após o nascimento. O testículo será considerado como não descido se não chegar no escroto até os 6 meses de vida.

Além disso, a condição é mais comum nos bebês prematuros e com baixo peso ao nascimento.

Uma das consequências da localização inadequada, será a incapacidade para realizar o toque e o auto-exame testicular. Assim como, esse é um ato fundamental para detecção precoce do câncer testicular, um problema particularmente comum  na adolescência e na vida adulta.

Uma preocupação que frequentemente os pais destes meninos têm é sobre a capacidade futura para gerar filhos. A boa notícia é que na maioria dos casos, meninos com um dos testículos não descido poderão ter filhos sem maiores dificuldades.

Causas e Sintomas do Testículo Não Descido

Testículos não descidos não produzem sintomas. O único sinal da condição é que os pais não conseguem ver ou palpar o testículo no escroto.

O escroto costuma parecer pequeno e ficar vazio.

É geralmente diagnosticado ao nascimento, ou durante uma consulta de rotina, quando um ou ambos os testículos não podem ser palpados no escroto durante o exame físico.

O testículo não descido pode ser palpado pelo médico especialista durante a consulta, ao longo da trajetória que o testículo percorre durante a sua descida, desde o canal inguinal até a região escrotal.

Além disso pode estar localizado dentro do abdome e por esta razão não ser palpável.

Os benefícios do uso do exame de ultrassom nesses casos tem sido questionado por alguns estudos.

O recém-nascido com testículo não descido, deverá ser reexaminado em 3 a 6 meses, para avaliar se o testículo alcançou espontaneamente o escroto.

O testículo não descido também pode ser confundido com o testículo retrátil, situação na qual o testículo totalmente descido, "às vezes parece estar lá e às vezes não".

O testículo retrátil acontece quando o testículo é tracionado para dentro do canal inguinal, por um contração exagerada do músculo cremáster. Este é um reflexo automático que ocorre quando a pele da parte interna da coxa/escroto são tocadas.

O testículo retrátil é mais frequente em meninos entre 2 e 8 anos de idade, e apesar de comumente não requerer tratamento cirúrgico, é recomendado acompanhamento a longo prazo.

O motivo exato pelo qual o testículo não completa sua descida não é totalmente conhecido. Uma combinação de fatores podem interferir no desenvolvimento assim como na migração testicular.

Alteração genética, anormalidades anatômicas, saúde materna e causas ambientais podem perturbar e influenciar as etapas envolvidas no processo.

Alguns fatores que podem aumentar a ocorrência de testículo não descido em um recém-nascido, incluem:

  • Baixo peso ao nascimento;
  • Prematuridade;
  • Antecedente familiar de testículo não descido ou de malformação genital;
  • Condições do feto que podem restringir o crescimento, como síndrome de Down ou defeitos da parede abdominal;
  • Uso materno de álcool durante a gravidez;
  • Tabagismo materno ou exposição ao fumo passivo;
  • Exposição a pesticidas.

Algumas consequências podem ocorrer quando o testículo não está localizado no escroto. Para que os testículos se desenvolvam e funcionem normalmente, eles precisam estar ligeiramente mais frios que a temperatura corporal. O escroto fornece esse ambiente ideal.

As principais complicações relacionadas ao testículo não descido incluem:

Problemas de fertilidade -  Redução do número de espermatozóides, esperma de baixa qualidade com aumento do risco de infertilidade, são mais prováveis ​entre os homens adultos que durante a infância tiveram os testículos não descidos. Sendo que o prejuízo ao desenvolvimento testicular normal, será ainda pior caso a condição não seja tratada no momento correto.

Os meninos com testículo não descido unilateral, tendem a ter filhos - taxa de paternidade - na mesma proporção que aqueles que não são afetados pelo problema. No entanto, testículos que não desceram podem aumentar o risco de infertilidade, especialmente se ambos os testículos forem afetados. Os meninos que apresentam os dois testículos não descidos, têm taxa de paternidade significativamente menor.

Câncer de testículo - Meninos nascidos com testículos não descidos são ligeiramente mais propensos a desenvolver o câncer testicular, mesmo tendo sido submetidos a cirurgia corretiva, orquidopexia. Este risco é maior quando ambos os testículos são afetados e naqueles localizados dentro do abdome - testículo não palpável - em comparação aos testículos não descidos localizados na virilha - testículo palpável.

A correção cirúrgica de um testículo não descido, antes da puberdade, pode diminuir, mas não eliminar, o risco de surgimento de câncer testicular no futuro. Outra vantagem do tratamento cirúrgico, será a possibilidade de acessar o testículo, seja pelo auto-exame ou durante uma avaliação médica de rotina, para detecção precoce de qualquer anormalidade futura.

Torção testicular - Os meninos com testículo não descido estão sob risco 10x maior de torção testicular. É uma situação aguda em que a circulação de sangue para o testículo fica interrompida, causando dor intensa e inchaço local. Ocorre devido a rotação do cordão espermático sobre seu eixo. Se não for tratado imediatamente pode resultar na perda definitiva do testículo.

Trauma - O testículo localizado na virilha, pode sofrer danos devido a compressão contra o osso púbico.

Hérnia inguinal - 90% dos meninos com testículo não descido, apresenta persistência do conduto peritônio-vaginal, sendo que em uma parcela destes haverá associadamente sintomas de hérnia inguinal.

Tratamento do Testículo Não Descido

Na maioria das crianças, o testículo descerá entre 3 a 6 meses de vida, sem necessidade de qualquer tratamento adicional. Se o testículo não estiver posicionado adequadamente na região escrotal até o 6º mês de vida, a criança precisará de uma cirurgia chamada de orquidopexia.

Neste procedimento, com taxa de sucesso de 98%, o testículo é mobilizado e posicionado no escroto.  A idade ideal, recomendada para a correção deste problema é entre 6 a 18 meses de vida. A cirurgia é realizada de maneira ambulatorial,  sendo necessária a permanência no hospital apenas por algumas horas.

Quando o testículo for palpável na virilha, provavelmente a orquidopexia será realizada por meio de uma incisão - 2 a 3cm - na virilha e ou no escroto (Fig. 2). Através de algumas manobras, conseguimos liberar o testículo, tratar a hérnia inguinal associada, posicionando-o idealmente na região escrotal.

Caso o testículo não seja palpável na virilha - ocorre em 20% dos meninos com testículo não descido, o testículo poderá localizar-se dentro do abdome ou simplesmente pode estar ausente. Nesta situação, empregamos a videolaparoscopia - procedimento cirúrgico minimamente invasivo - que possibilita a exploração dentro do abdome, por meio de três incisões de 3 a 5 milímetros cada, utilizando câmera, pinças e tesouras miniaturizadas e altamente delicadas (Fig. 3).

Em algumas circunstâncias, na orquidopexia laparoscópica, para conseguirmos a descida testicular satisfatória, é necessário realizar a clipagem/ligadura dos vasos sanguíneos que irrigam o testículo, em uma primeira cirurgia. Sendo, em uma nova abordagem cirúrgica depois de 3 a 4 meses, o testículo posicionado na região escrotal.

As complicações deste tipo de cirurgia são pouco frequentes, mas em alguns casos poderá ocorrer sangramento local, infecção da ferida operatória, retorno do testículo para a virilha e atrofia testicular.

Destas complicações, a mais comum é quando o testículo operado volta a subir, retornando à virilha. Nesse caso, será necessário realizar outra cirurgia, seja para tentar uma nova descida ou para a remoção do testículo.

Em casos eventuais, após a cirurgia o testículo pode atrofiar, devido a redução de circulação sanguínea, tornando-se apenas um tecido cicatricial e sem função.

Nas primeiras 24 a 48 horas de pós operatório a criança pode sentir algum desconforto.  Atividades físicas e traumas na região escrotal durante as primeiras duas semanas seguintes à cirurgia devem ser evitados. O acompanhamento do desenvolvimento e posição testicular acontece por 12 meses.

"O conteúdo destas informações foram revisados pela Dra Marilyse Fernandes. Destina-se apenas para fins educacionais e não deve substituir avaliação médica ou de qualquer outro profissional de saúde. Encorajamos a discussão de quaisquer dúvidas ou preocupações  com o/a médico/a de sua preferência e confiança".

Testículo não descido

Fig. 1 - Representação esquemática da migração testicular desde o abdome até o escroto e os possíveis posicionamentos inadequados (testículo não descido intra-abdominal, testículo não descido inguinal, testículo não descido ectópico).

Fonte:https://www.aboutkidshealth.ca/Article?contentid=376&language=English#

orquidopexia testículo

Fig. 2 - Orquidopexia inguinal - local da incisão, isolamento do saco herniário, alongamento do cordão espermático, posicionamento do testículo no escroto.

Fonte: Hutson, J. M. (2019). Orchidopexy. Pediatric Surgery, 569–578.  doi:10.1007/978-3-662-56282-6_66 - Orchiopexy. Pediatric Surgery

orquidopexia laparoscópica

Fig. 3 - Orquidopexia laparoscópica - local das incisões dos portais cirúrgicos, ligadura dos vasos espermáticos.

Fontes: Hutson, J. M. (2019). Orchidopexy. Pediatric Surgery, 569–578.  doi:10.1007/978-3-662-56282-6_66 Orchiopexy. Pediatric Surgery

Casale and Canning 2007. Doi:10.1111/j.1464-410X.2007.07249.x

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