Como meu bebê faz xixi durante a gestação? - Dra. Marilyse Fernandes

Como meu bebê faz xixi durante a gestação?

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Por: CRM 92676 | RQE 21334

Desde o momento da implantação no útero até o parto, cerca de 37 a 40 semanas depois, o feto humano fica envolto por uma bolsa de líquidos, chamada de saco ou bolsa amniótica. O líquido amniótico, que envolve e protege o feto no útero, é uma parte essencial do ambiente intrauterino. A produção do líquido amniótico envolve diferentes processos, e a eliminação da urina pelo feto é um deles. Durante a vida intrauterina, o bebê elimina a urina diretamente na bolsa amniótica, participando ativamente da formação do líquido amniótico. 

Líquido amniótico

O líquido amniótico não é apenas composto por urina fetal; também inclui água, eletrólitos e outras substâncias excretadas pelo feto, como secreção pulmonar e células da pele. Esse líquido amniótico é vital para o ambiente intrauterino, fornecendo proteção mecânica, regulando a temperatura, promovendo o desenvolvimento fetal adequado e ajudando na formação de vários sistemas, incluindo os pulmões.

No princípio da gestação, o líquido amniótico é produzido por fluidos que atravessam as superfícies da placenta, parede uterina e a pele não queratinizada que reveste o embrião em crescimento. Após 9 a 10 semanas de gravidez, os rins fetais começam a produzir urina, sendo que a partir da 15ª a 16ª semanas, a urina fetal se tornará a principal responsável para manter o volume adequado de líquido amniótico. Ao final da gestação, a produção diária de urina pelo feto varia entre 800 a 1200ml. 

Na terceira semana de gestação começa o desenvolvimento do trato urinário fetal, a partir de estruturas embrionárias como o mesoderma intermediário, responsável pela formação dos rins e ureteres, e o seio urogenital que formará a bexiga e uretra. O desenvolvimento renal passará por vários estágios de evolução, mediado por sinalizadores químicos e a interação entre diversas estruturas, promovendo mudança da sua posição e diferenciação das células até a formação estrutural e ramificação dos néfrons. O desenvolvimento estrutural dos néfrons se completa em torno da 34ª semana de gestação, mas a maturação funcional contínua ao longo dos primeiros seis meses de vida pós natal.

Os néfrons

O néfron é uma estrutura microscópica, formada por componentes filtrantes: glomérulo renal e cápsula de Bowman e por um túbulo especializado em reabsorver e secretar substâncias. É considerado a unidade funcional dos rins. Além de produzir  a urina, os néfrons têm a capacidade de:

  •  eliminar resíduos tóxicos do sangue, 
  • manter o equilíbrio entre os líquidos, eletrólitos e pH do corpo humano, 
  • secretar hormônios e regular a pressão arterial. 

Na vida adulta, cada rim contém cerca de um milhão de néfrons. 

Como funciona

O feto “respira” e engole o líquido amniótico, o que inclui a urina que ele produz. Assim, a urina do feto se mistura com o líquido amniótico, e esse processo é uma parte normal do ambiente intrauterino. 

O líquido amniótico é constantemente renovado à medida que o feto continua a produzir urina e a se desenvolver no útero.  Dessa forma, o líquido amniótico está num estado dinâmico e em constante mudança. 

A taxa de produção de urina no feto humano ao final da gestação (40-50ml/hora) é suficiente para repor completamente todo o volume amniótico a cada 24 horas. Assim, o volume considerado normal do líquido amniótico varia conforme a idade gestacional. 

O funcionamento adequado deste processo de produção e reabsorção do líquido amniótico depende da saúde fetal, assim como da saúde materna, além da integridade placentária.

Para saber mais sobre o funcionamento dos rins do bebê e quais os problemas mais frequentes do trato urinário durante a infância, acompanhe os artigos do blog, a cada semana publicamos um novo artigo!


Dra. Marilyse Fernandes
Publicado por: Dra. Marilyse Fernandes - Cirurgia Pediátrica - CRM 92676 | RQE 21334
A Dra Marilyse Fernandes (CRM 92676 / RQE 21334) é médica especialista em cirurgia pediátrica e robótica, dedicada à urologia infantil com experiência em hidronefrose congênita, malformações genitais e disfunções miccionais. Formada pela Universidade Estadual de Londrina, Doutora em Ciências da Reabilitação pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós Graduada em Cirurgia Robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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