Meu filho tem hipospádia: isso é grave? - Dra. Marilyse Fernandes

Meu filho tem hipospádia: isso é grave?

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Por: CRM 92676 | RQE 21334

Quando se trata da saúde dos filhos, é compreensível que os pais fiquem preocupados. Quem nunca “tremeu” ao receber um diagnóstico de uma condição que, até então, nunca ouvira falar? Pior ainda se a indicação de tratamento for cirúrgica, não é? É o caso de quem tem um filho com hipospádia, por exemplo. Ainda que o problema seja pouco conhecido entre leigos, ele não é raro — nem, tampouco, motivo para se desesperar.

Neste artigo, vamos mostrar tudo sobre esse problema. Continue a leitura e veja como encarar com tranquilidade e confiança!

O que é hipospádia?

A hipospádia é uma anomalia congênita  que compromete a formação da uretra durante a vida intrauterina, ocasionando que a abertura por onde sai o xixi, não esteja localizada na posição habitual. Acomete meninos e muito raramente meninas.  Estima-se que 1 em cada 300 meninos nascidos apresenta o problema, sendo 7% deles filhos de pais que tiveram essa mesma condição.

 Em linhas gerais, há 3 tipos de hipospádias:

  • 50% dos casos são de hipospádias distais (forma mais branda, com a abertura da uretra localizada próxima à ponta do pênis);
  • 30% dos pacientes apresentam hipospádias médias (apresentação  considerada moderada, com a uretra situada até a metade do pênis);
  • 20% têm hipospádias proximais (tipo mais severo, com a abertura da uretra na transição entre o pênis e o escroto. Em casos mais raros, a abertura da uretra pode estar localizada até a região perineal, próximo ao ânus). 

Como é o tratamento da hipospádia?

O diagnóstico de hipospádia costuma ser dado nas primeiras semanas de vida, muitas vezes, logo após o nascimento. Os principais sinais notados pelos pediatras são: posição anormal da abertura da uretra, alterações na aparência do prepúcio e encurvamento peniano. Porém, em variantes mais leves, é normal haver atraso na identificação do problema.

Confirmado o diagnóstico será necessária correção cirúrgica (à exceção de condições muito leves). Para definir como será a reconstrução, o uropediatra responsável avalia diversos fatores prognósticos, tais como:

  • tamanho do pênis;
  • posição da abertura da uretra;
  • presença de encurvamento peniano; 
  • forma da glande (normal e cônica ou achatada e fendida) e
  • quantidade de prepúcio.

Para algumas crianças, pode ser necessário o uso prévio de hormônio (testosterona) na forma de creme ou injetável, em torno de 30 a 45 dias antes da cirurgia, com o intuito de aumentar o tamanho e a vascularização do pênis, reduzir a ocorrência de fístula uretrocutânea e melhorar os resultados pós-operatórios.

O ato cirúrgico acontece sob anestesia geral, intubação e bloqueio do nervo peniano. Em média, a duração da cirurgia varia entre 2 a 4 horas dependendo da complexidade do problema. Comumente, a criança permanece internada por 24 horas recebendo alta com sonda uretral e curativo peniano por tempo médio de 7 dias. 

Indico a correção cirúrgica da hipospádia a partir dos 10 meses de idade e, preferencialmente, recomendo que o processo cirúrgico seja concluído até os 2 anos. Isso é importante para reduzir o impacto psicológico na criança, bem como para facilitar o  manejo de sondas e curativos.

A parte boa é que as perspectivas do pós-operatório são animadoras. A maioria das crianças se recupera muito bem e seus pênis adquirem aparência e funcionalidade adequadas com uma cirurgia. 

Vale ressaltar que, independentemente do tipo de hipospádia, a cirurgia sempre objetiva:

  • reposicionar a abertura da uretra na extremidade do pênis;
  • alinhar o pênis, caso seja preciso corrigir uma curvatura;
  • redistribuir a pele prepucial de forma simétrica;
  • criar um novo canal da urina (neouretra) com calibre uniforme e
  • proporcionar  micção e ereção “normais”.

Quais são os riscos e cuidados pós-procedimento?

É importante deixar claro que todo procedimento cirúrgico tem riscos — ainda que seja possível minimizá-los. A cirurgia de hipospádia, como qualquer outra, está sujeita à ocorrência de sangramentos, hematomas, infecções e deiscências (abertura das suturas),além de complicações como obstrução ou saída acidental da sonda uretral. 

Apesar de parecerem assustadoras,  essas complicações podem ser tratadas.

Medidas como repouso adequado, ingestão de líquidos em abundância, higiene frequente e uso atento das medicações prescritas são fundamentais. O uso de curativos com bandagens contensivas, controla o sangramento pós-operatório e, ainda, ameniza a formação de hematomas. Já as ocorrências de infecções e deiscências não são raras, necessitando de observação constante dos pais para que as medidas de cuidados não sejam negligenciadas.

As complicações pós-operatórias tardias são bem reconhecidas e são as de maior importância na cirurgia de hipospádia. Estão relacionadas à severidade da hipospádia, à idade tardia na correção, à escolha do tipo de procedimento e à experiência e rigor técnico do cirurgião. Entre elas estão: fístula uretrocutânea, estenose de uretra, curvatura residual, pelos e incrustação de cálculo urinário, aspecto estético desfavorável. 

Nessa condição, recomendo acompanhamento pós-operatório por longo prazo, totalizando no mínimo 2 anos, com reavaliação quando a criança tiver em torno dos 9 anos.

Agora que você sabe mais sobre a hipospádia,  sente-se mais tranquilo? Para um bom tratamento procure um uropediatra de sua confiança. Devido ao amplo espectro desta condição e das inúmeras opções técnicas disponíveis para correção da hipospádia, o especialista precisa ter um refinamento excepcional e ótimo domínio das técnicas cirúrgicas.

Para quem reside na região de Bauru, interior de São Paulo, é possível agendar uma consulta de urologia pediátrica com a Dra. Marilyse Fernandes. 

Se você é de outra região, entre em contato conosco para uma consulta on line.

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Dra. Marilyse Fernandes
Publicado por: Dra. Marilyse Fernandes - Cirurgia Pediátrica - CRM 92676 | RQE 21334
A Dra Marilyse Fernandes (CRM 92676 / RQE 21334) é médica especialista em cirurgia pediátrica e robótica, dedicada à urologia infantil com experiência em hidronefrose congênita, malformações genitais e disfunções miccionais. Formada pela Universidade Estadual de Londrina, Doutora em Ciências da Reabilitação pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós Graduada em Cirurgia Robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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